O Diretório Nacional do PT publicou uma resolução, nesta quinta-feira 16, na qual reforça sua oposição à chamada autonomia do Banco Central. O texto ainda critica a decisão da instituição de manter a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano.
A sigla divulgou o documento horas antes da primeira reunião do Conselho Monetário Nacional sob o novo governo, marcada para esta tarde. Compõem o CMN o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a ministra do Planejamento, Simone Tebet; e o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Segundo a resolução, o programa de governo apresentado pelo presidente Lula (PT) e chancelado pelas urnas busca o crescimento econômico, para o qual “é essencial a queda nas taxas de juros praticadas pelo Banco Central, bem como a revisão das metas de inflação”.
Para este ano, a meta de inflação fixada é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual. Em 2024 e em 2025, a taxa a ser perseguida é de 3%.
“Economistas renomados questionam duramente essa política de juros altos e, mais ainda: criticam a maneira leviana e inverídica de justificar essa política de juros altos ao brandir com o temor da inflação, que sabidamente não é uma inflação de demanda, mas sim tem a ver com as consequências da pandemia e a guerra na Ucrânia”, prossegue o PT.
O partido recomenda a suas bancadas na Câmara e no Senado articular a convocação de Campos Neto para se explicar sobre a atual condução da política monetária, “tal como prevê a própria lei que aprovou a autonomia do Banco Central de 2019, autonomia contra a qual o PT sempre se posicionou contrariamente, por meio de suas instâncias e do voto das bancadas no Congresso”.
Haddad declarou na última terça-feira 14 que uma revisão na meta de inflação não está na pauta da reunião do CMN. Um dia antes, Campos Neto afirmou discordar de uma alteração no índice.
“Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que você vai ter um efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade”, alegou no programa Roda Viva, da TV Cultura.
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