Economia

Poupança tem retirada recorde em janeiro, superando os depósitos em 33,63 bilhões de reais

Volume do mês é quase o total de 2021; no ano passado, a retirada foi a maior da série histórica

No mês passado, os depósitos ficaram em R$ 130,845 bilhões e os saques, em R$ 121.513 bilhões
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Em janeiro, as retiradas nas cadernetas de poupança superaram os depósitos em 33,63 bilhões de reais, conforme informou o Banco Central na segunda-feira 6.

Esta é a maior retirada líquida mensal já registrada pelo BC desde 1995 – superando o recorde anterior, de agosto do ano passado, quando as retiradas superaram os depósitos em 22,02 bilhões de reais. 

Segundo Banco Central, em janeiro, os brasileiros retiraram das poupanças o total de 334,41 bilhões de reais. Por outro lado, os depósitos somaram 300,78 bilhões de reais. Só em janeiro, a diferença registrada é quase o total do ano de 2021. Naquele ano, a retirada líquida superou os depósitos em 35,5 bilhões.

Os números confirmam uma tendência já observada em 2022: no ano passado, as retiradas da poupança superaram os depósitos em 103,2 bilhões de reais. Em 10 dos 12 meses, as retiradas superaram os depósitos. 

Na comparação entre os anos, em 2022 foi registrada não apenas a maior retirada de recursos da história, mas a maior diferença entre a retirada e depósito na poupança, superando o ano de 2015, quando a diferença foi de 53,56 milhões de reais.

Com os números de janeiro, o estoque de valores depositados caiu de 998 bilhões de reais para 972,6 bilhões (-25,4 bilhões).

Por que os brasileiros estão retirando dinheiro da poupança? 

A possibilidade de retirar dinheiro da poupança, por si só, é uma realidade ainda restrita para os brasileiros. Com quase 70 milhões de pessoas endividadas, segundo o Serasa Experian, guardar dinheiro no final do mês é uma atividade, muitas vezes, inviável. 

Segundo o Banco Central, o endividamento somou quase 50% da renda acumulada dos brasileiros nos doze meses até outubro de 2022. Esse número é levemente superior ao registrado em fevereiro de 2020, antes do início da pandemia de Covid-19, no qual o endividamento das famílias somava 41,8%.

Além disso, segundo estudo do Dieese, o valor da cesta básica subiu, em 2022, nas 17 capitais analisadas pela entidade. No mesmo estudo, o Dieese calculou que o salário mínimo ideal, no Brasil, deveria ser 6.647,63 reais, mais de cinco vezes maior que o atual, de 1.302 reais.

A retirada de recursos da poupança é um indicativo de que as pessoas e as famílias, no geral, estão possuindo menores reservas financeiras. Destinando, assim, o dinheiro da reserva para o pagamento de dívidas. Os dados recentes contextualizam os movimentos financeiros dos aplicadores da poupança, mas são sinais do estado da economia brasileira.

Em 2022, a poupança superou a inflação e teve o primeiro ano de rendimento real, desde 2018. Já descontando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a aplicação rendeu 2% no ano passado.

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