Economia

Por unanimidade, Copom mantém a Selic em 15%, a 2ª maior taxa real do mundo

O comitê voltará a se reunir em 4 e 5 de novembro

Por unanimidade, Copom mantém a Selic em 15%, a 2ª maior taxa real do mundo
Por unanimidade, Copom mantém a Selic em 15%, a 2ª maior taxa real do mundo
Reunião do Copom em 29 de janeiro de 2025. Foto: Raphael Ribeiro/ Banco Central
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O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu nesta quarta-feira 17, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Trata-se da Selic mais alta desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Lula (PT).

Foi a sexta reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.

Com a Selic em 15% ao ano, o Brasil termina esta quarta-feira com a segunda maior taxa real de juros no mundo, de acordo com um monitoramento das consultorias MoneYou e Lev Intelligence.

Para calcular o índice real, leva-se em conta a taxa de juros “a mercado” — ou seja, um referencial do que seriam juros tomados em uma operação real — e a inflação projetada para os 12 meses seguintes.

O Brasil tem uma taxa real de 9,51%, atrás apenas da Turquia, com 12,34%. Completam a lista dos dez primeiros Rússia, com 4,79%; Colômbia, com 4,38%; México, com 3,77%; Índia, com 3,54%; Argentina, com 3,54%; Indonésia, com 2,73%; Hungria, com 2,52%; e África do Sul, com 2,29%.

Ao justificar a decisão desta quarta-feira, o Copom afirmou que o ambiente externo permanece incerto, devido à conjuntura e à política econômica nos Estados Unidos. No cenário doméstico, diz o Comitê, os indicadores de atividade econômica apresentam “certa moderação no crescimento”, mas o mercado de trabalho “ainda mostra dinamismo”.

Como riscos de alta da inflação, o Comitê menciona uma suposta desancoragem das expectativas por período mais prolongado, maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário superior ao esperado — por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.

“Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado“, diz o comunicado divulgado pelo Banco Central. A próxima reunião ocorrerá entre 4 e 5 de novembro.

“O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

Em tese, quando o Copom decide aumentar a Selic, busca desaquecer a demanda para segurar a inflação: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também dificultam a expansão da economia.

Ao cortar a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

Segundo o Boletim Focus da última segunda-feira 15, elaborado pelo BC após ouvir instituições financeiras, a estimativa de inflação para 2025 recuou de 4,85% para 4,83%. A meta é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima (4,5%) ou para baixo (1,5%).

Dos nove integrantes do Copom, há sete nomeados por Lula e dois por Jair Bolsonaro (PL). Veja a relação:

  • Renato Dias de Brito Gomes (nomeado por Bolsonaro);
  • Diogo Abry Guillen (nomeado por Bolsonaro);
  • Nilton David (nomeado por Lula);
  • Ailton Aquino (nomeado por Lula);
  • Paulo Picchetti (nomeado por Lula);
  • Rodrigo Teixeira (nomeado por Lula);
  • Izabela Correa (nomeada por Lula);
  • Gilneu Vivan (nomeado por Lula); e
  • Gabriel Galípolo (nomeado por Lula).

Saiba as datas das próximas reuniões do Copom em 2025:

  • 4 e 5 de novembro; e
  • 9 e 10 de dezembro.

Confira os resultados de todos os encontros do Copom desde o ano passado:

  • janeiro de 2024: de 11,75% para 11,25%;
  • março: de 11,25% para 10,75%;
  • maio: de 10,75% para 10,50%;
  • junho: manutenção em 10,50%;
  • julho: manutenção em 10,50%;
  • setembro: de 10,50% para 10,75%;
  • novembro: de 10,75% para 11,25%;
  • dezembro: de 11,25% para 12,25%;
  • janeiro de 2025: de 12,25% para 13,25%;
  • março de 2025: de 13,25% para 14,25%;
  • maio de 2025: de 14,25% para 14,75%;
  • junho de 2025: de 14,75% para 15%; e
  • julho de 2025: manutenção em 15%.

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