PIB modesto do 3º tri poderá consolidar era de pibinhos

A política econômica não estabeleceu uma trajetória robusta de crescimento porque "derrubou" os investimentos públicos e privados

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O Brasil cresceu entre 2007 e 2010, em média, 4,6% ao ano, apesar da recessão de 2009. Provavelmente, no período 2011-2014, crescerá em média a uma taxa um pouco superior a 2%. Em outras palavras, a trajetória de crescimento dos últimos três anos fracionou pela metade o crescimento herdado do 2º mandato do presidente Lula.

O PIB do 3º trimestre tende a consolidar uma trajetória modesta de pibinhos. Houve queda em relação ao trimestre anterior e um crescimento modestíssimo em relação ao mesmo trimestre do ano passado.  A economia iniciará 2014 com um PIB crescendo de forma fraca e instável.

A variável-chave que comandou o crescimento no governo Lula foi o investimento. Os números são claros (veja o gráfico). Não é verdadeira a afirmação de que na era Lula o consumo era o carro-chefe, o investimento (sim!) crescia muito mais que o consumo e era quase o triplo do crescimento de toda a economia.

A questão é simples: a recente política econômica não estabeleceu uma trajetória robusta de crescimento para a economia porque “derrubou” os investimentos privado e público (que caiu de 4,71% do PIB em 2010 para 4,05% em 2011). Políticas econômicas e sinais emitidos pelo governo orientam o crescimento do investimento.

Os erros de política econômica não são poucos e nem pequenos, mas também não são aqueles erros apontados pelos analistas conservadores. Suas críticas contumazes são contra acertos do governo. Por exemplo, batem no governo por não buscar o centro da meta de inflação como um objetivo de curto prazo ou por promover um “afrouxamento” fiscal. Aliás, foi a aceitação do receituário conservador que levou a economia para a trajetória modesta dos pibinhos dos últimos anos.

Os erros são de outra natureza. Sem dúvida que há gargalos de infraestrutura e desaceleração da economia mundial, mas qualquer economia seria derrubada pelo arrocho monetário, fiscal e cambial promovido em 2011. Em 2010, a economia cresceu 7,5%; em 2011, cresceu apenas 2,7%. Em 2011, houve subida de juros, elevação de compulsório, aumento do resultado primário e dificuldade cambial. E um novo ciclo de elevação de juros está em curso associado ao discurso de “austeridade” a brasileira.


Houve também muito “mexe, mexe” em uma economia que estava fazendo uma desaceleração forte: de 7,5% para 2,7% e depois para 1% em 2012. Houve mudanças nas relações publico-privadas em alguns importantes setores (energia elétrica, petróleo, rodovias, por exemplo). As mudanças eram necessárias e corretas, mas foram feitas em momento impróprio; mudanças “delicadas” deveriam ter sido feitas com uma economia em ritmo de crescimento forte, quando o governo está gozando de autoridade e reconhecimento entre os agentes econômicos.  No cenário que foram executadas poderiam promover esmorecimento da atividade empresarial.

Este arranjo atual de política econômica com esta economia política errática manterá o PIB em sua trajetória modesta revelada pelos resultados do 3º trimestre. Os sinais são conservadores para agradar o setor financeiro, por um lado, ou são sinais de desonerações e promessas de dias melhores para acalmar o setor industrial.

É preciso adotar uma (nova!) política econômica na direção do desenvolvimento industrial e social, sem vacilações que produzam sinais de paralisia. É preciso ter uma clara política de redução de todas as taxas de juros da economia, de desoneração da atividade empresarial, de busca de uma taxa de câmbio competitiva, de inflação controlada e ter uma administração fiscal equilibrada e que faça justiça social.

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