Economia
Petroleiros elogiam aval do Ibama à Petrobras na Margem Equatorial
Contrariando ambientalistas, entidades argumentam que a exploração não constitui um obstáculo à transição energética


A Federação Única dos Petroleiros e o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis celebraram, nesta segunda-feira 20, a licença concedida pelo Ibama à Petrobras para perfuração na Margem Equatorial.
As entidades consideram o aval um passo para a soberania energética nacional.
“É uma conquista importante para a Petrobras e para o País”, avalia o Ineep. “Conhecer o potencial energético dessa região é fundamental para garantir a segurança energética nacional futura, sobretudo diante da previsão de declínio da produção do pre-sal a partir de 2030.”
A licença obtida pela Petrobras permite a perfuração de um poço em águas ultraprofundas, situado a cerca de 175 quilômetros da costa do Amapá e a 500 quilômetros da Foz do Rio Amazonas.
Para Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, a produção de petróleo a partir da exploração da reserva poderá significar um grande avanço no desenvolvimento econômico. Ele defendeu, porém, que esse processo leve em conta aspectos sociais e de sustentabilidade.
“A riqueza gerada pela região precisa ajudar na proteção da floresta amazônica, da mata atlântica, da caatinga, projetos de fato socioambientais, que sejam feitos em parceria e diálogo com as comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas”, sustentou Bacelar.
Contrariando ambientalistas, críticos ao licenciamento, as entidades também alegam que a atividade exploratória não constitui um obstáculo à transição energética.
A obtenção da licença foi comemorada pelo presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União-AP). Em nota, ele afirmou que a decisão marca “um passo histórico para o desenvolvimento” do Brasil, do seu estado e da região Norte.
Por outro lado, organizações de defesa do meio ambiente repudiaram a autorização. Para Mariana Andrade, coordenadora da frente de Oceanos do Greenpeace Brasil, o País “se veste de verde no palco internacional, mas se mancha de óleo na própria casa”.
Em nota, a Petrobras informou que preenche todos os requisitos estabelecidos pelo Ibama. “Vamos operar na Margem Equatorial com segurança, responsabilidade e qualidade técnica”, disse a presidenta da companhia, Magda Chambriard.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.