Economia

Petrobras vende refinaria na Bahia por 1,65 bilhão de dólares; FUP vê negócio ‘a preço de banana’

Federação Única dos Petroleiros diz que mobiliza greve contra a transação: ‘É um péssimo negócio’

A refinaria Landulpho Alves, na Bahia, foi vendida pela Petrobras. Foto: Petrobras
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A Petrobras informou, nesta segunda-feira 8, que concluiu a rodada final da fase vinculante do processo de venda da refinaria Landulpho Alves, na Bahia, por 1,65 bilhão de dólares à Mubadala Capital, de Abu Dhabi. Segundo a estatal, foi a “melhor oferta final”.

A refinaria é uma das oito colocadas à venda pela Petrobras, em abril de 2019, primeiro ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro. À época, a estatal alegou que a venda das refinarias tem como objetivo a concentração em ativos de maior rentabilidade e a maior competitividade e transparência ao segmento de refino no Brasil.

Porém, a refinaria do estado baiano foi vendida pela metade do preço, segundo apontou o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Naturais e Biocombustíveis. O valor real está avaliado entre 3 e 4 bilhões de dólares, ao câmbio atual.

Para estimar o valor da refinaria, o Ineep diz ter utilizado o método do Fluxo de Caixa Descontado, que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa e em projeções para o futuro. Em três cenários observados, o estudo chega a valores de 3,1 bilhões, 3,5 bilhões e 3,9 bilhões de dólares.

Landulpho Alves foi a primeira refinaria nacional de petróleo, criada em setembro de 1950, como parte de um projeto de soberania energética. Graças à operação, foi possível desenvolver o primeiro complexo petroquímico do País e o maior complexo industrial do hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari.

Diariamente, são refinados 31 tipos de produtos, como gasolina, diesel e lubrificantes, em uma área de 6,5 km². A refinaria atende, especialmente, os estados da Bahia e de Sergipe, além de estados do Norte, mas também exporta produtos aos Estados Unidos, Argentina e países europeus.

Em nota, a Federação Única dos Petroleiros afirmou que mobiliza uma greve contra a transação.

A FUP alega que a venda da refinaria vai criar um “monopólio regional” na Bahia e em todo o Nordeste, com alta nos preços dos combustíveis e risco de desabastecimento. A declaração se baseia em estudo da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, divulgado em 2020, que analisou a venda de seis das oito refinarias dispostas pela Petrobras.

A federação diz ainda que a refinaria da Bahia recebeu 6 bilhões de reais em investimentos nos últimos dez anos, somente em hidrotratamento. O preço da venda em dólar, no entanto, representa pouco mais do que os valores dedicados.

Segundo a organização, a refinaria tem respondido por 30% da produção da Petrobras de óleo combustível para navios com baixo teor de enxofre. Com a alta demanda no mercado nacional, a produção amenizou os resultados financeiros negativos da Petrobras nos três primeiros semestres de 2020.

“Não é apenas a planta de refino que está sendo vendida a preço de banana, mas toda a infraestrutura de armazenamento e escoamento da RLAM. São quase 800 quilômetros de dutos, fora os tanques de armazenagem. É um péssimo negócio”, disse  Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP, em nota.

Segundo a Petrobras, outros seis processos “competitivos” de venda estão em curso: Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul; Isaac Sabbá, no Amazonas; Abreu e Lima, em Pernambuco; Gabriel Passos, em Minas Gerais; Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste, no Ceará; e Unidade de Industrialização do Xisto, no Paraná.

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