Economia

Petrobras segura reajuste às vésperas da eleição: gasolina completa duas semanas defasada

Preço cobrado pela estatal está abaixo da média internacional desde 4 de outubro. Diretoria da empresa costumava citar prazo de 15 dias como referência para incorporar variações do exterior

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O preço da gasolina vendida pela Petrobras no Brasil completou duas semanas com preços abaixo do mercado internacional. Segundo dados da Abicom, a associação que reúne os importadores de combustíveis, o valor da gasolina comercializado pela estatal nesta quarta-feira estava 5% menor (ou R$ 0,18 por litro) em relação ao exterior.

Desde 4 de outubro, o preço da gasolina no Brasil esteve sistematicamente, todos os dias, abaixo do praticado no exterior.

A diretoria da Petrobras costumava citar o prazo de 15 dias como uma referência para incorporar, nos preços praticados no país, a volatilidade das cotações no exterior. O argumento era de que variações diárias nem sempre seriam repassadas para os preços do Brasil, mas só depois que a cotação do petróleo se sustentasse num patamar superior – e o prazo para essa análise seria de duas semanas.

Mas, agora, a poucos dias do segundo turno das eleições presidenciais, a estatal não dá sinais de que vá reajustar seus preços. Dentro da Petrobras, a diretoria vem alertando sobre a necessidade de reajustar os preços da gasolina no país após duas semanas de defasagem. Porém, a ideia vem sendo descartada pelo governo de Jair Bolsonaro por conta das eleições.

No caso do diesel, o valor vendido pela Petrobras está 12% menor (ou R$ 0,70 por litro) que o praticado no exterior. Desde o dia 5, o valor do diesel está defasado todos os dias.

Para ter maior controle nos preços, o governo vem trabalhando nos bastidores para trocar parte da diretoria da Petrobras. A estratégia é alterar o comando da área financeira e de comercialização, que decidem, junto com o presidente Caio Paes de Andrade, sobre os reajustes dos preços. Também está nos planos a mudança da área de Governança, área responsável por vetar as decisões sobre preços.

A cotação do petróleo no mercado internacional está em alta desde o início de outubro por conta do corte de produção anunciado pela Opep+, cartel que reúne os maiores exportadores do mundo. Para Sergio Araújo, presidente da Abicom, há uma tendência de alta nos preços internacionais:

-De fato as refinarias da Petrobras estão com preços defasados e bem abaixo do mercado internacional, que está com viés de elevação em função do corte de produção da Opep+. E com esse cenário a Petrobras precisa ter coerência com sua política de preços. E da mesma forma que reduziu o preço, agora é hora de aumentar sim. Isso se faz necessário. A Petrobras tem compromisso com seus acionistas e o mercado espera que esses preços sejam elevados.

O preço do barril do tipo brent, que em meados de setembro chegou a ser negociado abaixo de US$ 84, subiu a US$ 98 no início de outubro e agora está no patamar de US$ 91.

O último movimento feito pela Petrobras foi no dia 2 de setembro, quando reduziu o preço da gasolina, cujo litro caiu de R$ 3,53 de R$ 3,28. No caso do diesel, a estatal reduziu o valor no dia 20 de setembro, de R$ 5,19 para R$ 4,89.

Enquanto isso, a Acelen, dona da refinaria da Bahia que foi comprada da Petrobras, já fez dois reajustes de preços nas duas últimas semanas. A Acelen é a única empresa privada de grande porte a atuar no refino no país.

De acordo com a Acelen, no último dia 8 de outubro, o preço da gasolina e diesel para as distribuidoras teve alta entre 9,7% e 11,5%, em média. Depois, no último dia 15, outro aumento: a gasolina subiu 2%, assim como o diesel, com avanço de 8,9%.

Isso ajudou, dizem especialistas, a reverter o cenário de queda dos preços nos postos. Depois de 15 semanas de queda, o valor da gasolina nos postos registrou alta, de acordo com pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O valor médio do litro passou de R$ 4,79, entre os dias 2 e 8 de outubro, para R$ 4,86, na semana passada. Um avanço de 1,46%.

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