Paraíso fiscal

Os super-ricos brasileiros vivem numa ilha de isenção tributária cercada por pagadores de impostos

Porto seguro. Ser muito rico no Brasil é navegar mansamente por um sistema tributário sem ondas e solavancos – Imagem: iStockphoto

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O saudoso Raymundo Faoro observou que as elites brasileiras queriam um país de 20 milhões de consumidores e uma democracia sem povo. Não conseguiram, mas ao longo do tempo lograram conquistar regalias tributárias injustificáveis, em que bilionários praticamente não pagam imposto e vivem numa ilha cercada por pagadores de tributos. Daí a importância de se aprovar a proposta do governo de tributar os fundos exclusivos e os rendimentos das offshores, duas modalidades de investimento financeiro acessadas apenas pela nata dos super-ricos do ­País. A Câmara avançou e fez a sua parte.

Para investir em fundo exclusivo, é preciso ter na conta cerca de 10 milhões de reais líquidos. Apenas 2,5 mil brasileiros estão nessa condição, 0,001% da população. Essa turma, ao contrário da classe média que aplica em fundos de investimento quando lhe sobram alguns recursos, paga pouco ou nada em tributos. Ou seja, não se trata de tributar mais quem ganha muito mais, mas simplesmente de evitar que se cobre deles muito menos do que se cobra dos demais cidadãos, como hoje ocorre. É uma situação inconcebível.

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