Pandemia é motivo de fechamento de 522 mil empresas em junho, diz IBGE

Cerca de 522,6 mil empresas de todos os setores da economia foram fechadas temporariamente ou em definitivo, por conta dos efeitos da pandemia de coronavírus, na primeira quinzena do mês de junho.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira 16 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram que as empresas mais afetadas são de empresas do comércio com até 50 funcionários.

A parcela das 522,6 mil empresas representa, na verdade, 39,4% do total de negócios que declararam fechamento parcial ou integral – os outros motivos não foram especificados pelo IBGE. Foram 716.372 empresas fechadas definitivamente e outras 610.252 com as atividades suspensas apenas no momento.

Aproximadamente 41% do comércio fechado afirma que o principal motivo foi a pandemia, porcentagem que é de 39,4% para os serviços, 37% para o setor de construção e 35,1% para a indústria.

Entre as 2,7 milhões de empresas em atividade contabilizadas pelo IBGE, 70% apontam um impacto geral negativo sobre o negócio, enquanto 16,2% declararam efeito pequeno ou inexistente.

Por outro lado, 373,2 mil empresas, ou 13,6%, afirmam que a pandemia trouxe oportunidades e até um efeito positivo sobre o negócio.

As informações são da nova “Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, que deve divulgar mais dados ao longo do tempo a fim de constituir uma base de comparação. Mesmo assim, o coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do órgão, Alessandro Pinheiro, afirma que o impacto foi maior na realização das atividades.

Isso acontece porque, para sete em cada dez empresas em atividade, houve diminuição sobre as vendas ou serviços comercializados na primeira quinzena de junho – com impacto maior entre negócios de até 50 funcionários. Problemas com fornecedores, por exemplo, impactaram 60,8% das empresas analisadas pelo estudo.

“Os dados sinalizam que a covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias, onde se incluem atividades como as de bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção”, explicou Pinheiro.

Desocupação de empresas em funcionamento se mantém estável

A maior parte das empresas, cerca de 60%, manteve o número de funcionários em relação ao início da pandemia, mas com adaptações na folha de pagamento. Flávio Magheli, outro especialista do IBGE, diz que essa tendência inverteu um temor de acentuada desocupação no primeiro momento, como era o esperado.

“Não ocorreu alteração significativa no quadro de funcionários em relação ao início da pandemia, na construção, no comércio, na indústria e no atacado. Mesmo as pequenas empresas sinalizaram que mantiveram o quadro de funcionários, o que pode estar relacionado ao fato de terem colocado as pessoas em trabalho remoto ou terem obtido alguma linha de financiamento. O fato é que não houve uma queda acentuada na ocupação como num primeiro momento se esperaria”, destaca.

Mesmo assim, cerca de 34,4% das empresas em funcionamento relataram diminuição de pessoal no quadro de funcionários, uma cifra aproximada de 950 mil negócios com demissão de trabalhadores.