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Outro feijão sem arroz

O prato brasileiro “típico” está ameaçado

Outro feijão sem arroz
Outro feijão sem arroz
Imagem: iStockphoto
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Num futuro nada distante, o prato tradicional do brasileiro terá feijão-preto em vez do carioca e o arroz, importado – ou nenhum arroz. Em entrevista à mídia, o consultor e especialista no setor de grãos Vlamir Brandalizze aponta que o preço do arroz no Brasil é um dos mais baixos do mundo e o custo, um dos mais altos, de modo que a substituição desse cereal pela soja, mais rentável, só tende a crescer. O agricultor até teve um respiro no ano passado, quando a saca chegou a quase 100 reais. Durou pouco. Está agora na casa dos 70, enquanto os custos de produção sofreram influência da alta de combustíveis, energia, fertilizantes e outros insumos. Quanto ao feijão-carioca, a queda na oferta fez os preços no atacado quebrarem recordes em plena safra. No fim de maio, a saca de 60 quilos bateu 490 reais em Mato Grosso, onde, há um ano, era vendido por menos de 300. O feijão-preto custava 225 reais no Paraná. No varejo, o carioca custa acima de 10 reais o quilo e o preto, de 6 a 7 reais. Para Marcelo Lüder, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), o brasileiro vai ter de se “desapegar” do carioca, responsável por 60% do consumo no País.

Imagem: Acervo FEA-USP


CASO DE POLÍCIA

Imagem: Deutsche Bank

A Justiça e a Polícia Federal alemãs vasculharam a sede do Deutsche Bank e da gestora DWS, em Frankfurt, para colher provas de fraude em investimentos ditos “verdes”. O regulador do sistema financeiro alemão (BaFin) abriu o caso depois de a Securities and Exchange Commission (SEC – Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) apurar denúncias da ex-diretora da instituição Desiree Fixler. Ela afirma ser mentira que metade dos 900 bilhões de dólares sob gestão da DWS obedeciam às melhores práticas ambientais, sociais e de governança. O CEO Asoka Woehrmann demitiu-se. A ação do Deutsche caiu 26%.


HACKER NÃO

A Nextios, do Grupo ­Locaweb, tem ampliado seu portfólio de segurança em parceria com a PSafe, empresa líder em cibersegurança na América Latina. As duas empresas desenvolveram a ferramenta ­dfndr enterprise, que monitora vulnerabilidades, previne o vazamento de dados e bloqueia ciberataques. É a primeira do mundo que dispensa interação humana constante ou treinamentos técnicos específicos para proteção preditiva e proativa com total privacidade contra phishing, malware e ransomware. E ainda embute uma apólice da AIG Seguros contra ransomware. A proteção do dfndr enterprise ­custa menos de 25 reais por mês.


LUCROS

O lucro líquido das empresas abertas não financeiras no primeiro trimestre cresceu 55% sobre o mesmo período de 2021, somando 60,9 bilhões de reais. O levantamento da empresa de informações financeiras Economatica exclui Vale, Petrobras e Suzano, porque distorcem a amostra. Exemplo: a Petrobras teve lucro de 44,5 bilhões de reais, o maior até hoje para o primeiro trimestre. Os quatro maiores bancos do País (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) registraram lucro líquido de 24,3 bilhões de reais, o maior registrado nesse período, mas “apenas” 30,9% maior que o do primeiro trimestre de 2021.


IMPASSE

A Justiça do Trabalho suspendeu a demissão de 580 trabalhadores da Caoa ­Chery, em Jacareí (SP), em ação civil pública movida pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, segundo o qual os funcionários foram desligados por telegrama e e-mail, durante as negociações entre o sindicato e a empresa, com mediação do Ministério Público do Trabalho. O sindicato quer cinco meses de ­layoff e mais três de estabilidade, além da permanência da montadora no município. A empresa propõe pagar indenização social de 7 a 15 salários nominais. O MPT propôs 20 salários e a extensão de benefícios.

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1211 DE CARTACAPITAL, EM 8 DE JUNHO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Outro feijão sem arroz”

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