Economia

Os culpados são outros

Alicia Bárcena, da Cepal, condena os ataques ao Estado de Bem-Estar Social

Causa. A origem da crise está na desregulação financeira, avalia. Foto: Sérgio Amaral
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Em visita ao Brasil, a mexicana Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), comenta o momento econômico latino-americano. E o risco de a crise na Zona do Euro desaguar na desqualificação das proteções sociais.

CartaCapital: Quais as possibilidades de a região se reindustrializar ou se industrializar, conforme o caso?

Alicia Bárcena: A região enfrenta grandes desafios de superar alguns problemas muito importantes para poder alcançar a igualdade social, porque este deve ser o objetivo principal de qualquer estratégia de desenvolvimento. A igualdade como um princípio ético e político, e não apenas em relação ao acesso a bens e serviços. A Cepal considera que a chave para chegar a essa igualdade é o emprego produtivo. E a chave para o emprego produtivo é transformar a estrutura produtiva e poder desenhar uma estratégia mais ativa de desenvolvimento industrial.

CC: Qual a opinião da senhora em relação à saída que tem sido dada na Zona do Euro para lidar com a crise? E como a crise europeia poderá influenciar a região?

AB: Os canais de transmissão da crise são variados. Há a baixa demanda de bens e serviços na Europa, que em alguns aspectos poderá ser compensada pela China, que, apesar de estar desacelerando, não deixará de demandar produtos que a América Latina possui. Outro canal é financeiro. As medidas de expansão monetária que a Europa tomou podem significar uma chegada expressiva de capitais à região, se existe o diferencial de taxas de juro. E ainda se haverá uma aversão ao risco.

Nos últimos meses, temos notado que isso não está ocorrendo de forma tão forte na região, mas é preciso estar alerta. Algo de médio prazo que me preocupa muito em relação à crise europeia, em termos mais estruturais, é que a nossa região aspira ter uma sociedade de bem-estar, com um piso de proteção social, como a Europa conseguiu, com a universalidade de direitos, no caso das aposentadorias, saúde, educação… É preocupante que na Europa se esteja pensando neste momento que o custo desses sistemas tenha causado a crise. E não foi propriamente isso, mas sim as operações financeiras sem regulação. Nossa região deveria pensar que existem muitos temas sociais pendentes e temos de avançar nesses temas.

Em visita ao Brasil, a mexicana Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), comenta o momento econômico latino-americano. E o risco de a crise na Zona do Euro desaguar na desqualificação das proteções sociais.

CartaCapital: Quais as possibilidades de a região se reindustrializar ou se industrializar, conforme o caso?

Alicia Bárcena: A região enfrenta grandes desafios de superar alguns problemas muito importantes para poder alcançar a igualdade social, porque este deve ser o objetivo principal de qualquer estratégia de desenvolvimento. A igualdade como um princípio ético e político, e não apenas em relação ao acesso a bens e serviços. A Cepal considera que a chave para chegar a essa igualdade é o emprego produtivo. E a chave para o emprego produtivo é transformar a estrutura produtiva e poder desenhar uma estratégia mais ativa de desenvolvimento industrial.

CC: Qual a opinião da senhora em relação à saída que tem sido dada na Zona do Euro para lidar com a crise? E como a crise europeia poderá influenciar a região?

AB: Os canais de transmissão da crise são variados. Há a baixa demanda de bens e serviços na Europa, que em alguns aspectos poderá ser compensada pela China, que, apesar de estar desacelerando, não deixará de demandar produtos que a América Latina possui. Outro canal é financeiro. As medidas de expansão monetária que a Europa tomou podem significar uma chegada expressiva de capitais à região, se existe o diferencial de taxas de juro. E ainda se haverá uma aversão ao risco.

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