Economia

Operação altera mercado brasileiro

Anatel precisa aprovar aumento da participação da Telefónica, dona da Vivo, no capital da Telecom Itália, proprietária da TIM. Por Samantha Maia

Operação altera mercado brasileiro
Operação altera mercado brasileiro
A Anatel será obrigada a rever a participação das empresas no mercado de telefonia
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O aumento da participação da espanhola Telefónica, dona da Vivo, no capital da Telecom Itália, proprietária da TIM, exigirá um novo acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para garantir a desvinculação total das operações das duas companhias de celulares no Brasil. As operadoras detêm juntas 56% do mercado brasileiro de telefonia móvel e, pelas regras brasileiras, um mesmo grupo não pode ter duas empresas na mesma região. Sem uma nova tratativa, restaria a opção de venda da TIM do Brasil ou a devolução das frequências de uma das operadoras.

Em 2007, quando a empresa espanhola fez a primeira aquisição minoritária de capital da Telecom Itália, a Anatel exigiu que a Vivo e a TIM do Brasil mantivessem personalidade jurídica, diretoria e planos de negócios independentes. O novo acordo prevê o aumento da participação da Telefónica na holding Telco (detentora de 22,4% da Telecom Itália) de 46% para 66%, com o pagamento de 324 milhões de euros, em uma primeira fase. Este não representaria problemas para o mercado brasileiro, pois as ações adquiridas não têm direito a voto, e não alteraria a governança corporativa da empresa. A segunda parte do acordo precisará, porém, ser aprovada pela Anatel. A Telefónica pagará 117 milhões de euros para ampliar sua fatia na Telco para 70%. As informações foram passadas à imprensa pela Telco, mas a Telefónica do Brasil não se pronunciou oficialmente. A Anatel ainda não foi notificada.

Segundo o consultor Eduardo Tude, da Teleco, a Telefónica foi de certa forma forçada a aumentar a sua participação na Telecom Itália diante da decisão de redução dos investimentos dos bancos italianos Generali, Intesa e Medioblanca. Com uma dívida estimada em 38 bilhões de euros, a Telecom Itália não tem sido um ativo muito interessante a investidores, mas tem uma importância estratégica para a Telefónica, que busca evitar a entrada de outra operadora no negócio. “A Telefónica sempre atuou mais na defensiva. A primeira compra em 2007 foi para evitar a entrada da América Móvil”, diz o especialista. Os recursos do novo acordo servirão para pagar as dívidas da companhia italiana.

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