Economia

O que é possível esperar da próxima reforma no Imposto de Renda, segundo secretário da Fazenda

Guilherme Mello, secretário de Política Ecônomica, concedeu entrevista ao canal de CartaCapital no YouTube

Guilherme Mello, Secretário de Política Econômica do SPE. Foto: José Cruz/Agência Brasil
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O governo Lula (PT) apresentará neste ano uma proposta de reforma do Imposto de Renda, voltada a pessoas físicas e a pessoas jurídicas. A afirmação é do secretário de Política Ecônomica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, em entrevista a CartaCapital, nesta sexta-feira 12.

Mudanças na tributação sobre a renda, segundo o secretário, podem envolver também os impostos sobre a folha de pagamento.

O texto deve ser enviado ao Congresso Nacional até 19 de março, conforme recomendação da emenda constitucional da reforma tributária. A medida se somará a outras já apresentadas pelo ministro Fernando Haddad (PT) em 2023, a exemplo da retomada do voto de qualidade no Carf e da tributação de fundos exclusivos e fundos offshore.

“Hoje, segundo o nosso estudo, temos uma progressividade do IR até determinado ponto. A partir dali, quanto mais você recebe de renda, menos você paga de imposto”, explicou Mello. “Só é possível corrigir isso aumentando a tributação sobre as maiores rendas para reduzir a tributação sobre consumo e sobre a folha”.

O relatório mencionado pelo secretário aponta que brasileiros com renda média mensal de 4 mil reais, por exemplo, pagam a mesma alíquota de IR de quem ganha 4 milhões ao mês.

“A reforma da tributação sobre renda e patrimônio é a que tem maior potencial de mudar a distribuição de renda no Brasil. Ela serve para isso”, prosseguiu Mello. “Tributação sobre lucros e dividendos é um tema que vai aparecer, mas existem muitos outros.”

Questionado sobre a possibilidade de elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física de 2,6 mil para 5 mil reais, ele afirmou que o tema “será discutido, junto com as outras mudanças”.

Guilherme Mello disse ser pouco provável que o Congresso rejeite uma reforma sobre a renda e destacou que, até aqui, os congressistas têm se mostrado abertos ao diálogo em relação às propostas da Fazenda.

“São causas justas, com propostas sólidas, coerentes, bem elaboradas e com enorme capacidade e disposição à negociação. Foi assim que aprovamos todas as medidas que disseram ser impossíveis de ser aprovadas”, declarou. “Vamos estudar a experiência internacional, expor o problema à sociedade e propor uma solução tecnicamente sustentável.”

“E, a partir daí, fazer um debate com o Parlamento, que, até aqui, se mostrou um parceiro muito grande. O caminho estabelecido aqui no ministério foi o recomendado pelo presidente Lula: colocar o pobre no Orçamento e os ricos para pagar impostos”, acrescentou Mello.

Assista à íntegra da entrevista, concedida ao programa Poder em Pauta:

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