Economia

O que diz o Anuário do Agronegócio?

Desde 2005 é publicada uma lista com as 500 maiores empresas do setor

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve presente na premiação do Anuário do Agronegócio
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Desde 2005, o Globo Rural publica o Anuário do Agronegócio que classifica as 500 maiores empresas do setor, a partir dos principais números econômicos e financeiros, ranqueando desempenhos e escolhendo “campeãs”, que devolvem as taças na forma de anúncios publicitários.

Acabo de receber a 13ª edição, em base a dados do exercício de 2016. O trabalho foi realizado pela consultoria Serasa Experian, através da aplicação de questionários e demonstrações contábeis.

Em 2016, “AS 500” somaram receita líquida de R$ 685,7 bilhões, evolução de 2,2% sobre 2015 e de 16,3% sobre 2014. Os agricultores, em 2015, reduziram as compras, mas os setores fabricantes e de serviços não desaceleraram os preços. Tanto que seus ganhos foram expressivamente maiores: o lucro líquido cresceu 72%, e margem líquida e rentabilidade sobre o patrimônio cresceram 62,5%.

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Isso é ruim? Jeito nenhum, principalmente para quem vende. Para os que compram, um alerta para que se ponham a pensar ou reler minhas últimas colunas sobre a influência desse processo na competitividade da produção que sai do interior “das porteiras das fazendas”.

Foquemos “AS 50 MAIORES”, em base a receita líquida e origem do capital. Aí só tenho uma dúvida, que deixo para o final da coluna.

A receita líquida delas representa 47% “DAS 500 MAIORES”. Peço ajuda para facilitar o texto: permitam-me falar a metade. Delas, 81% do capital têm origem estrangeira.

Suas principais atividades: indústria e exportação de bens agropecuários, atacado e varejo de bens e alimentos, bioenergia, fertilizantes, celulose e papel, defensivos, sementes, tratores e máquinas.

Tudo o que vocês precisam ou pensam imprescindíveis às suas atividades, amigos de Ijuí/RS, Palotina/PR, São Miguel Arcanjo/SP, Muzambinho/MG, Tangará da Serra/MT, Petrolina/PE. Preocupa-os? Parece que não, pois este o modelo econômico que aceitam e apoiam.

Perceberam a concentração e a disparidade entre receita e lucro. Claro que sim, são espertos.

Vejam que não fui atrás do Censo Agropecuário, com dados de mais de 10 anos atrás, comum a servirem de análise para curiosos estudiosos iniciantes no agro. Já o usei muito para sabe-lo hoje incapaz de refletir a realidade.

Falo do hoje, em plena crise que vivem os produtores rurais e o povo brasileiro, obrigados pelas folhas e telas cotidianas a aceitarem firulas acadêmicas, que pouco significam. Daí, talvez, a minha baixa relevância.

Outro foco: as 450 empresas que representam a outra metade do agronegócio?

Quem são e qual a origem de seus capitais?

É quando a coisa vira: apenas 7,5% das receitas líquidas vêm de empresas estrangeiras e 92,5% das morenas inzoneiras. Aquela malemolência de décadas. Quanto menores mais brasileiras são.

Dirão: mas como viver sem o mainstream? Responderei: conhecendo o que a pequena indústria nacional e as prestadoras de serviços fazem, pesquisando suas inovações tecnológicas, a gama de produtos orgânicos e alternativos capazes de, em parte, reduzirem seus custos e diminuir as armadilhas propostas por agrônomos e técnicos agrícolas robotizados pelos benefícios que recebem das multinacionais.

Se duvidam, testem. Se lhes dará mais trabalho, por certo o benefício dele virá. Saberão de propriedades benéficas e poupadoras. Enfim, desculpem-me, sendo menos comodistas, mal informados e colonizados.

Quanto ganhariam? Fizeram a conta? Não se deixem dominar.

Como? Não posso terminar o texto? Estou em débito com leitores e leitoras?

Mas isso tem sido a minha rotina desde que caí no golpe de ceder nome e carreira ao profissionalismo agroindustrial.

Entendi. Vocês têm razão. No quarto parágrafo, gerei uma dúvida e prometi confessá-la no final da coluna.

No trabalho Globo Rural/Serasa Experian, a JBS é colocada em 4º lugar, depois, respectivamente, de Cargill, BRF e Bunge, como tendo origem de capital brasileiro. Tem? Passo-lhes a palavra.

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