Economia
O plano dos Correios para equilibrar as contas e retomar operações
O anúncio de reestruturação acontece menos de um mês após a posse de Emmanoel Rondon como novo presidente da estatal


A direção dos Correios apresentou, nesta quarta-feira 15, a primeira fase do plano de reestruturação operacional e financeira da empresa. Com dificuldade de fechar as contas, a estatal está negociando com bancos um empréstimo de 20 bilhões de reais para recuperar a capacidade operacional da empresa.
A reestruturação acontece menos de um mês após a posse de Emmanoel Rondon como novo presidente da estatal. O economista assumiu o comando dos Correios em meio a uma baixa nos resultados financeiros da companhia, que teve o pior déficit entre as estatais em 2024 e amarga um prejuízo bilionário no primeiro semestre deste ano.
A primeira fase do plano de reestruturação contém três grupos de medidas:
- Corte de despesas operacionais e administrativas;
- Busca pela diversificação de receitas, com recuperação da capacidade de geração de caixa;
- Recuperação da liquidez da empresa, de modo a retomar sua competitividade e a garantir estabilidade na relação dos Correios com empregadas e empregados, clientes e fornecedores.
Segundo a estatal, no primeiro bloco de medidas, a empresa adotará ações para se tornar mais competitiva. São elas:
- Realização de um novo programa de demissões voluntárias (PDV), com um foco mais amplo. Para isso, será realizado diagnóstico da força de trabalho, com um mapa claro de setores da empresa ou de territórios que estão com um desempenho insatisfatório. Empregados nessas situações poderão aderir ao novo PDV;
- Programa de desinvestimento de ativos da empresa que hoje não têm uso ótimo. De pronto, a estatal dará início à venda imóveis ociosos, o que não só representará a entrada de capital, como também reduzirá os gastos com manutenção desses espaços.
- Renegociação de contratos com os maiores fornecedores da empresa, em busca de condições mais vantajosas, sem colocar em risco a segurança jurídica das operações, mas com objetivo de aprimorar contratos vigentes.
Já no segundo bloco, de geração de receitas, os Correios estão fazendo um esforço de reaproximação com grandes clientes, ao mesmo tempo em que estudam experiências internacionais de atividades que possam ser acopladas à rede logística, sobretudo na área de serviços financeiros.
A terceira medida é a busca por um aumento imediato na liquidez da empresa: a estatal buscará no mercado uma operação de crédito no valor de 20 bilhões de reais, para dar conta da necessidade de caixa de 2025 e 2026, prazo em que as demais medidas começarão a produzir resultados
Segundo a estatal, o modelo proposto é o de um consórcio de bancos, em que instituições financeiras atuam de maneira conjunta para ofertar o capital buscado, em termos compatíveis com o mercado de crédito de hoje.
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