A convocação de Bolsonaro para ruralistas enviarem tratores ao desfile de tanques de guerra comemorativo do 7 de Setembro sugere a existência de um bloco compacto do agronegócio adepto das manobras golpistas presidenciais, mas esta seria uma leitura equivocada. Pressionado pela recusa crescente de importadores em relação a produtos agropecuários obtidos à custa de devastação, invasão de áreas indígenas e trabalho escravo, uma parcela ainda minoritária, mas em expansão, do agronegócio soma forças, em alguma medida, aos demais interessados na preservação da Amazônia, do Cerrado e no respeito aos direitos humanos.
“O agronegócio empresarial, do capitalismo puro, não está invadindo terra, não se instala em áreas de floresta, não queima mata protegida nem mata índio. Portanto, quem vai colocar trator na Praça dos Três Poderes é o madeireiro, o grileiro, o garimpeiro, esse bas-fonds, ou submundo, do agronegócio”, chama atenção Walter Belik, professor titular aposentado do Instituto de Economia da Unicamp e diretor do Instituto Fome Zero. Segundo levantamento do observatório De Olho nos Ruralistas, as empresas que invadiram a Esplanada em setembro do ano passado têm histórico de trabalho escravo, crimes ambientais e conflitos agrários.
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