Economia
O desafio de retomar os investimentos
Para deflagrar uma nova onda de investimento privado é importante entender melhor a dinâmica do desenvolvimento


A presidenta Dilma Rousseff reune 15 dos maiores empresários brasileiros para estimulá-los a investir mais no Brasil. Constatou-se que os grandes grupos estão com o caixa cheio e com alguma indecisão ainda em retomar investimentos graúdos. A intenção da presidente é estimular o chamado “espírito animal” do empresário.
Para deflagrar uma nova onda de investimento privado, no entanto, é importante entender melhor a dinâmica do desenvolvimento.
O primeiro e mais relevante passo é a criação de um mercado interno robusto. Já se tem, tanto no mercado de consumo de massa quanto no que se convencionou chamar de “gargalos” – que nada mais são do que pontos de demanda não atendida.
Além disso, o pré-sal criará uma demanda adicional incalculável para os setores de máquinas e equipamentos, naval, de mobiliário etc.
Tendo-se a demanda, o passo seguinte é viabilizar a produção. Para tanto, há que se ter duas condições especiais: capital para financiar o investimento e condições de competitividade em relação ao produto importado.
A primeira condição será alcançada com a mera redução da taxa Selic. A única influência da taxa é nas decisões de investimento. Baixando a Selic, os fundos de pensão, fundos de investimento, as próprias grandes companhias, terão que sair do conforto da renda fixa para a renda variável.
Hoje em dia já se tem um mercado de capitais bastante sofisticado para promover essa reciclagem da poupança.
Resta o último grande desafio: a competitividade do parque industrial brasileiro.
Há duas maneiras de tornar o produto brasileiro competitivo: qualidade (mais inovação tecnológica) e preço.
Há uma lógica nos modelos cambiais: quando a economia é pouco competitiva, compensa-se com câmbio fraco, moeda desvalorizada. Isso faz com que se consiga competir nos mercados globais com preços baratos. Depois, à medida que as empresas vão ampliando as vendas, ganham fôlego para investir em pesquisa, inovação, novos produtos.
Todo grande modelo de desenvolvimento mundial – Inglaterra, Japão, Itália e Alemanha no pós-guerra, Coreia, China – percorreu esse caminho. A lógica é simples: só depois de ampliar as vendas externas, ganhar dimensão, ter escala, mercado, a empresa conseguirá fôlego para investir em pesquisa e inovação.
Há outros fatores relevantes na definição de preço: o chamado custo Brasil. Entram nessa equação a estrutura de juros, o peso dos impostos, a infraestrutura, a burocracia pública. Quanto menos se avançar nesses itens, maior será o peso do câmbio.
Na entrevista que me concedeu, algumas semanas atrás, a presidente Dilma Rousseff enfatizou que seu grande desafio será a consolidação do parque industrial brasileiro.
Por enquanto, a Fazenda tem avançado apenas em questões pontuais de defesa comercial ou desoneração tributária de um ou outro setor.
Trata-se de um anacronismo – em termos de política industrial. E, nesse ponto, os mercadistas têm razão: em vez da proteção de um ou outro setor, como que querendo tapar os furos de uma peneira, há que se avançar em soluções sistêmicas, que abranjam toda a economia brasileira.
A presidenta Dilma Rousseff reune 15 dos maiores empresários brasileiros para estimulá-los a investir mais no Brasil. Constatou-se que os grandes grupos estão com o caixa cheio e com alguma indecisão ainda em retomar investimentos graúdos. A intenção da presidente é estimular o chamado “espírito animal” do empresário.
Para deflagrar uma nova onda de investimento privado, no entanto, é importante entender melhor a dinâmica do desenvolvimento.
O primeiro e mais relevante passo é a criação de um mercado interno robusto. Já se tem, tanto no mercado de consumo de massa quanto no que se convencionou chamar de “gargalos” – que nada mais são do que pontos de demanda não atendida.
Além disso, o pré-sal criará uma demanda adicional incalculável para os setores de máquinas e equipamentos, naval, de mobiliário etc.
Tendo-se a demanda, o passo seguinte é viabilizar a produção. Para tanto, há que se ter duas condições especiais: capital para financiar o investimento e condições de competitividade em relação ao produto importado.
A primeira condição será alcançada com a mera redução da taxa Selic. A única influência da taxa é nas decisões de investimento. Baixando a Selic, os fundos de pensão, fundos de investimento, as próprias grandes companhias, terão que sair do conforto da renda fixa para a renda variável.
Hoje em dia já se tem um mercado de capitais bastante sofisticado para promover essa reciclagem da poupança.
Resta o último grande desafio: a competitividade do parque industrial brasileiro.
Há duas maneiras de tornar o produto brasileiro competitivo: qualidade (mais inovação tecnológica) e preço.
Há uma lógica nos modelos cambiais: quando a economia é pouco competitiva, compensa-se com câmbio fraco, moeda desvalorizada. Isso faz com que se consiga competir nos mercados globais com preços baratos. Depois, à medida que as empresas vão ampliando as vendas, ganham fôlego para investir em pesquisa, inovação, novos produtos.
Todo grande modelo de desenvolvimento mundial – Inglaterra, Japão, Itália e Alemanha no pós-guerra, Coreia, China – percorreu esse caminho. A lógica é simples: só depois de ampliar as vendas externas, ganhar dimensão, ter escala, mercado, a empresa conseguirá fôlego para investir em pesquisa e inovação.
Há outros fatores relevantes na definição de preço: o chamado custo Brasil. Entram nessa equação a estrutura de juros, o peso dos impostos, a infraestrutura, a burocracia pública. Quanto menos se avançar nesses itens, maior será o peso do câmbio.
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Trata-se de um anacronismo – em termos de política industrial. E, nesse ponto, os mercadistas têm razão: em vez da proteção de um ou outro setor, como que querendo tapar os furos de uma peneira, há que se avançar em soluções sistêmicas, que abranjam toda a economia brasileira.
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