Economia
O argumento de Haddad para reforçar apelo por corte de juros
Para o ministro da Fazenda, não é razoável sustentar a Selic a 15% ao ano
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou nesta terça-feira 4 a defender a queda da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária do Banco Central decidirá nesta quarta se altera ou mantém a Selic, hoje em 15% ao ano — a projeção é que os diretores conservarão o índice atual.
Na abertura do evento Bloomberg Green Summit, em São Paulo, Haddad disse não saber quando o Copom cortará a Selic, por não integrar o colegiado. “Se fosse, eu votava pela queda, porque não sustenta 10% de juro real.”
O ministro declarou que por maior que seja a pressão de bancos para manter a Selic em 15%, a taxa terá de cair. “Não tem como sustentar 10% de juro real com a inflação batendo a 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15? Em nome do quê?”, enfatizou.
Segundo Haddad, o Brasil passa por uma situação muito melhor do que “analistas internos” supõem. Ele afirmou também ter “alergia à inflação”, mas pediu razoabilidade no combate à alta de preços.
“Teremos a menor inflação em quatro anos, o menor desemprego da série histórica e o maior crescimento desde 2010”, ressaltou. “Mesmo assim, o que vejo de gente torcendo contra o País é impressionante.”
A previsão do mercado financeiro para o IPCA — considerado a inflação oficial — passou de 4,56% para 4,55% em 2025. A meta definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para 2026, a projeção da inflação permaneceu em 4,2%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
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