Os últimos dados do PIB (Produto Interno Bruto) não permitem uma aposta no “pibão”, que se seguiria ao “pibinho” de 2012.
O IBGE apurou um crescimento de 0,6% no primeiro trimestre do ano. Em bases anualizadas, corresponde a 2,5%.
Uma análise desagregada dos indicadores não permite muito otimismo.
Segundo estudo do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), os números levantados revelam o seguinte:
Demanda interna
Houve um forte avanço da Formação Bruta de Capital Fixo (4,6%). Pode ser que os investimentos estejam de volta à economia. Mas pode ser apenas uma retomada das compras de veículos e caminhões, que foi interrompida em 2012 devido a problemas regulatórios. É um dado que ajudou no primeiro trimestre mas não deverá se repetir nos demais.
Consumo das famílias
Em 2012 cresceu a uma taxa média de 1% ao trimestre. No primeiro trimestre de 2013, o crescimento foi de apenas 0,1%, em relação ao trimestre anterior. Há dúvidas sobre se esse crescimento pequeno pode ser estendido para todo o ano. Até agora o consumo das famílias era o principal pilar de dinamismo do PIB. Se estiver entrando em um ritmo menor de crescimento, irá afetar o PIB anual. O estudo atribui esse menor crescimento à acomodação do mercado de trabalho, à menor expansão do crédito e a uma pressão maior dos preços, reduzindo a demanda.
Setor externo
Ainda que as importações crescessem mais que as exportações, ambas andavam no mesmo sentido. No último trimestre as importações aumentaram 6,3% e as exportações caíra, 6,4%. Significa que a produção brasileira está perdendo mercado internamente e no exterior. A explicação óbvia é o efeito câmbio.
Lado da oferta
Houve crescimento de 0,3% do valor agregado da indústria de transformação no primeiro trimestre. É melhor do que nada mas não garante um desempenho mais robusto para a indústria em 2013, diz o IEDI. Em termos de produção, a indústria continua abaixo dos patamares do terceiro trimestre de 2008.
PIB industrial
Houve resultados ruins também nos demais segmentos do agregado industrial. A indústria extrativa recuou 2,1%, devido à queda dos minerais metálicos com a desaceleração do crescimento da China. Nesse segmento, poderá ocorrer melhoria apenas no setor de produção e refino de petróleo. Na construção houve recuo de 0,1%. Depois de um crescimento acelerado, desde o ano passado tem havido uma reversão no setor.
Câmbio
Ontem, ao contrário dos últimos meses, o Banco Central deixou o dólar subir. Fechou a R$ 2,114. A alta foi motivada pela leitura do mercado de que, com o PIB fraco, a política monetária seria amenizada.
A taxa Selic – muito acima das taxas internacionais – tem sido o principal fator de apreciação do real.
Pela primeira vez em muitos e muitos meses, o Ministro da Fazenda Guido Mantega evitou fazer projeções otimistas do PIB ou anunciar novos incentivos setoriais à indústria.
Até agora a presidente Dilma Rousseff julgou que poderia montar uma seleção de futebol com jogadores medianos. Precisando virar o jogo, não se tem à vista, na Fazenda, nenhum organizador do jogo capaz capaz de passar segurança aos agentes econômicos.