Economia

Mujica pede cautela ao Uruguai em polêmica sobre Mercosul e diz ter ‘confiança tremenda’ em Lula

Para o ex-presidente, Montevidéu está diante de um ‘desafio de Tarzan’, entre o bloco regional e a China

Lula e José Mujica, no Uruguai. Foto: Ricardo Stuckert
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O ex-presidente do Uruguai José Mujica se manifestou nesta quarta-feira 25 sobre as discussões em torno de um Tratado de Livre-Comércio com a China, em meio a questionamentos de vizinhos em relação à postura do país no Mercosul.

Após um encontro com o presidente Lula em Montevidéu, Mujica reconheceu que o Uruguai “precisa negociar”, mas pediu cautela, uma vez que se deve “cuidar do que há no bairro”.

Questionado sobre a viabilidade de fazer as duas coisas simultaneamente, o ex-presidente indicou ser possível, mas afirmou que o Uruguai tem “o desafio de Tarzan”: “Quando ele pegava um cipó e queria pegar outro, não podia deixar o primeiro até estar agarrado”.

Mujica lembrou ainda que mantém “há muitos anos” uma amizade com Lula e destacou que o brasileiro é seu “amigo nas vitórias, mas também nas derrotas”.

“Sempre tive uma confiança tremenda, sei o compromisso que ele tem”, concluiu. As declarações foram registradas pelo jornal local El Observador.

Mais cedo, o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, defendeu sua decisão de negociar com a China e pediu um Mercosul “moderno, flexível e aberto ao mundo”. Brasil, Argentina e Paraguai entendem que o acordo de fundação do Mercosul estabelece que qualquer tratado com nações de fora do bloco requer a aprovação de todos os membros.

“Não brigamos, simplesmente deixamos claros nossos pontos de diferença para avançar e para melhorar a relação de Uruguai e Brasil como membros do Mercosul”, afirmou Lacalle Pou após uma reunião com Lula.

O mandatário uruguaio declarou que o ponto em que mais há diferenças com o Brasil envolve a necessidade de o Uruguai “se abrir ao mundo e tratar de fazê-lo com todo o Mercosul”.

Lula, por sua vez, classificou como “justos” os pedidos para que o bloco se abra mais ao mundo, mas fez ponderações.

“É importante uma maior abertura, a máxima possível. Então, com as ideias de discutir inovação ou renovação do Mercosul estamos de acordo”, disse. “Mas o que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Queremos sentar primeiro com nossos técnicos, depois com nossos ministros e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar o que for necessário renovar.”

O petista também declarou que uma alternativa seria uma ação conjunta do Mercosul para conduzir a uma abertura comercial. Esse tratado, porém, deveria ocorrer somente após a finalização do acordo entre o bloco e a União Europeia, que se arrasta há décadas.

“É urgente e necessário que o Mercosul faça um acordo final com a União Europeia. Em 2003 já se discutia esse acordo. Fiquei fora da Presidência, voltei e ainda se discute isso”, destacou. “Então, vamos firmar esse acordo para que a gente possa discutir um possível acordo entre China e Mercosul.”

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