Economia
Mesmo a extrema-direita não terá argumento para não aprovar isenção do IR, diz Haddad
Ministro da Fazenda rebate crítica de que medida seria ‘populismo’ e alega que conta da isenção será paga por aqueles que recebem mais


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu em defesa da proposta do governo de ampliar a faixa de isenção para o Imposto de Renda. Segundo o projeto, que foi enviado nesta semana para a Câmara dos Deputados, aqueles que recebem até 5 mil por mês vão deixar de pagar o imposto a partir do ano que vem.
Como mecanismo de compensação pela perda de arrecadação tributária, o governo vai aumentar as taxas para as pessoas que recebem acima de 600 mil reais por ano – ou 50 mil reais por mês.
Nesta quinta-feira 20, em entrevista ao programa ‘Bom Dia, Ministro’, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Haddad disse que o projeto foi bem recebido no Legislativo e criticou nomes da oposição que são contrários à ideia.
“Agora que se atualiza a tabela cai o mundo, [que dizem que] o que está acontecendo é populismo. Atualizar a tabela de Imposto de Renda é populismo? Cobrar de quem não paga é populismo? Aí ficam querendo dizer que o governo está aumentando imposto. Essa proposta não tem um centavo de aumento de imposto”, defendeu Haddad.
“Não se aumenta imposto de ninguém, você simplesmente troca de mão, você cobra de quem não paga e isenta quem hoje está pagando para além da conta. Um bombeiro, uma professora ou uma enfermeira vão ganhar quase um 14º salário”, completou.
O ministro lembrou que a proposta também era uma promessa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo Haddad, “depois que ganhou a eleição [de 2018] desconversou e não fez nada”.
“Tenho certeza que mesmo a extrema-direita não terá argumento para não aprovar essa medida. Não consigo imaginar alguém subir na tribuna para justificar a cobrança de Imposto de Renda para quem ganha até 5 mil”, apontou o ministro.
Na entrevista, o chefe da equipe econômica detalhou como foi o processo de elaboração da proposta. Ele aproveitou o momento para criticar quem considera a medida ‘apressada’.
“Estamos só sobre esse projeto, mais de um ano dedicados, e aí vem uma pessoa dizendo que foi apressada a medida. Estamos há mais de um ano estudando essa medida, já era para ter sido mandada no final do ano passado e o presidente adiou porque não gostou de um determinado dispositivo, e tivemos que voltar para a prancheta para verificar como viabilizar”, disse. “Ficou pronto em fevereiro e ele quis mandar depois da eleição das mesas”, completou Haddad.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

O que muda com a isenção de IR para até R$ 5 mil, que pode pode beneficiar 36 milhões de brasileiros
Por CartaCapital
Tramitação no Congresso: entenda o caminho do projeto que amplia a isenção do IR
Por CartaCapital