Economia
Mercado financeiro não está satisfeito com pacote fiscal do governo, indica pesquisa Quaest
Levantamento mostrou aumento da rejeição a Lula e Haddad após o anúncio das medidas que visam cortar gastos


O mercado financeiro não está satisfeito com o pacote fiscal anunciado pelo governo Lula (PT) na semana passada. A insatisfação foi monitorada pela consultoria Quaest em um levantamento realizado com agentes, gestores, economistas e analistas ligados a fundos de investimentos no Rio de Janeiro e em São Paulo. O resultado da pesquisa foi divulgado nesta quarta-feira 4.
Ao todo, diz a Quaest, 58% dos integrantes do mercado financeiro entrevistados consideram que o pacote não é “nada satisfatório”. Outros 42% disseram que ele é “pouco satisfatório”.
A avaliação mais negativa, aponta o levantamento, acontece sobre a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe mais de 5 mil reais mensais. Para 85% dos entrevistados pela Quaest, a promessa de campanha de Lula tende a prejudicar a economia do País.
Ainda conforme a consultoria, 86% dos entrevistados consideram que o pacote fiscal mostraria que Lula estaria mais preocupado com a sua popularidade do que, de fato, com o equilíbrio das contas públicas.
Essas percepções revelam, também, como o mercado olha para o futuro da economia brasileira. Apesar do baixo índice de desemprego e dos números positivos do Produto Interno Bruto (PIB), 96% dos entrevistados disseram que a política econômica do Brasil está “na direção errada”. Um percentual ínfimo (4%) acha que a economia do País está caminhando na direção correta.
O anúncio, indica ainda a consultoria, impactou de forma significativa a imagem que o setor tem de Lula. Quase a totalidade do mercado financeiro – agentes, gestores, economistas e analistas – reprova o atual governo. O nível de desaprovação, indicam os resultados, chegou a 90%. Em março, quando a consultoria divulgou a última versão do mesmo levantamento, o índice era de apenas 26%.
Apenas 3% dos agentes do mercado financeiro disseram que aprovam o governo Lula, o que representa uma queda de três pontos percentuais em relação à pesquisa de março. Outros 7% apontam o governo como regular (eram 30% no primeiro semestre).
E Haddad?
Diretamente responsável pelo desenho das políticas econômicas do governo, o ministro da Fazenda Fernando Haddad ainda conserva bons índices de aprovação no mercado financeiro, mas viu sua popularidade entre os ‘faria limers’ cair.
No primeiro semestre, os que aprovavam o trabalho do ministro da Fazenda eram 50%. Agora, o índice caiu para 41%. Por outro lado, dobrou o percentual dos que interpretam o trabalho de Haddad como negativo, saindo de 12% para 24%.
O ministro da Fazenda comentou, em evento do site Jota, as reações do mercado financeiro ao pacote de gastos, dizendo que discorda da avaliação feita. “Não me parece que as medidas de contenção de gastos sejam irrelevantes como alguns estão querendo fazer parecer”, declarou Haddad.
O levantamento da Quaest ouviu 105 agentes do mercado financeiro ligados a fundos de investimento em São Paulo e no Rio de Janeiro. A pesquisa foi feita entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro. Encomendada pela Genial Investimentos, a pesquisa tem margem de erro de 3,4 pontos percentuais.
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