As dificuldades do governo Lula no Congresso durante o ano evidenciaram que o Brasil vive um parlamentarismo disfarçado. O reforço do Poder Legislativo nos últimos tempos deu-se com a captura de uma fatia crescente das verbas federais, por meio das chamadas “emendas”, aquelas obras que deputados e senadores incluem no orçamento. Uma situação confortável, com bônus e sem ônus, para os congressistas. Eles mandam no País, e se a população estiver fula da vida, quem paga o pato é o governo, na forma de baixa popularidade. “Emenda”, afirma um petista com mandato, “é uma palavra poderosa” atualmente. Dado que o quadro é este, chegou aquele momento de fortes emoções em Brasília: a votação do orçamento do próximo ano. “Vamos ter de fazer malabarismo”, diz um articulador político do Executivo.
São duas as encrencas por trás de negociações que se arrastam há semanas e devem ter um desfecho apenas às vésperas das férias parlamentares, marcadas para começar no dia 22. Uma é o tamanho do fundo público reservado às campanhas de prefeito e vereador em 2024. A outra diz respeito justamente às emendas. Haverá um cronograma fixado em lei que obrigue o governo a liberar o dinheiro dessas obras ao longo do ano?
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