Economia
Lula questiona se Congresso reduzirá emendas para contribuir com corte de gastos
Presidente disse não ser aceitável que a população mais necessitada seja sempre penalizada na hora de promover ajustes nos gastos


Na esteira da discussão sobre um pacote de medidas para cortar gastos do governo federal, o presidente Lula (PT) questionou a disposição do Congresso Nacional para equilibrar as contas públicas reduzindo o valor das emendas parlamentares a que os deputados e senadores têm direito.
Além disso, voltou a criticar a “gana especulativa do mercado” e disse não ser aceitável que a população mais necessitada seja sempre penalizada na hora de promover ajustes nos gastos. As declarações foram dadas em entrevista ao senador Jorge Kajuru (PSB-GO).
O conteúdo completo será exibido pela RedeTV! no próximo domingo, mas alguns trechos foram divulgados pela emissora nesta quarta-feira. “Às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira para criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou. “Não podemos jogar, toda vez que tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas”.
Mais adiante, Lula criticou também os empresários que, segundo ele, “vivem de subsídios do governo” e cobrou colaboração deste segmento com o tema.
Nos últimos dias, Lula e a equipe econômica têm se debruçado na agenda de corte de gastos, uma bandeira de investidores e setores da política desde o começo deste governo. Os ministros Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho), Carlos Lupi (Previdência) e Nísia Trindade (Saúde) participaram de uma reunião sobre o tema nesta terça-feira.
Após o encontro, Fernando Haddad (PT) disse a jornalistas que os encontros internos terminaram, mas o pacote de medidas ainda devem ser apresentadas aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes de se tornar público. Não há previsão de quando isso acontecerá.
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reforçou a pressão por cortes ao defender uma “política fiscal crível” no anuncio de aumento de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, que saltou de 10,75% para 11,25% ao ano. A autoridade monetária ainda afirmou acompanhar “como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
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