Economia

Lula diz que Trump foi ‘induzido a uma mentira’ e pede que ele ouça ‘a verdade sobre o Brasil’

Durante anúncio de investimento em SP, o petista reagiu ao tarifaço, defendeu o STF e afirmou que Bolsonaro não é perseguido

Lula diz que Trump foi ‘induzido a uma mentira’ e pede que ele ouça ‘a verdade sobre o Brasil’
Lula diz que Trump foi ‘induzido a uma mentira’ e pede que ele ouça ‘a verdade sobre o Brasil’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O presidente Lula (PT) criticou Donald Trump, nesta sexta-feira 25, afirmando que o presidente dos Estados Unidos está “mal-informado” e foi “induzido a acreditar em uma mentira” sobre a situação de Jair Bolsonaro (PL). A declaração ocorreu em uma cerimônia do Novo PAC, no Jardim Rochdale, em Osasco (SP).

Foi uma resposta ao tarifaço de Trump, justificado por uma suposta perseguição do Supremo Tribunal Federal contra Bolsonaro, réu por liderar uma tentativa de golpe de Estado.

“O Trump foi induzido a acreditar em uma mentira de que o Bolsonaro está sendo perseguido. Ele não está sendo perseguido, está sendo julgado, com todo o direito de defesa. E se [Trump] tivesse feito aqui o que fez no Capitólio, também estaria sendo julgado”, afirmou Lula.

O petista também disse que explicaria a situação pessoalmente a Trump, caso tivesse sido procurado.

“O Bolsonaro não é problema meu, ele é problema da Justiça brasileira”, disse. Trump, no dia em que você quiser conversar, o Brasil estará preparado para mostrar o quanto você foi enganado pelas informações que te passaram. Quando você souber da verdade, vai dizer: ‘Lula, não vou mais taxar o Brasil’. Porque o Brasil quer conversar. O problema é que ele [Geraldo Alckmin] liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, lamentou Lula. “Eu quero que ele saiba que, com o respeito com que eu trato os Estados Unidos, estamos abertos ao diálogo.”

O presidente classificou como “falta de respeito” a tentativa de ingerência externa e reforçou que Bolsonaro responde a processos legais com base em provas.

“Ele queria matar o Lula, matar o [Geraldo] Alckmin e matar o [então] presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Está tudo comprovado por delação dele mesmo”, disse, em referência ao plano “Punhal Verde e Amarelo”.

As declarações foram proferidas durante o anúncio de um aporte de 4,67 bilhões de reais para a urbanização de favelas, por meio do programa Periferia Viva, do Novo PAC. O investimento beneficiará cerca de 375 mil famílias em 49 territórios periféricos de 32 municípios em 12 estados. Só o estado de São Paulo receberá 2 bilhões de reais. A ação envolve 17 ministérios e visa promover inclusão social com infraestrutura, moradia e regularização fundiária.

Em outro trecho do discurso, o presidente traçou um paralelo entre o episódio da Inconfidência Mineira e a atuação de bolsonaristas no exterior, acusando congressistas aliados de Bolsonaro de “trair a Pátria” ao pedir interferência dos Estados Unidos no Brasil.

“Tiradentes foi traído por um cara chamado Silvério dos Reis. Mas esse pessoal agora é pior. Estão na porta do presidente dos Estados Unidos pedindo intervenção no Brasil. Isso é traição. Que patriota é esse? […] É uma pena que ainda tenha gente que não tem um pingo de caráter. Estão lá elogiando americano, pedindo sanção contra o Brasil. Isso é falta de vergonha.”

Big techs

Lula também reagiu às críticas de Trump à proposta brasileira de regulamentação das big techs: “Nós vamos fazer regulação, sim. Eles têm que respeitar a legislação brasileira. Não podem continuar promovendo ódio entre adolescentes, contando mentiras e tentando destruir a democracia.”

O petista também ironizou a queixa de Trump sobre supostos prejuízos comerciais dos EUA com o Brasil: “Eles exportaram 47 bilhões de dólares para nós, e nós exportamos 40 bilhões para eles. Quem tem superávit são eles. Então, quem está reclamando é porque não tem os dados certos.”

“Estamos tranquilos. Vamos ouvir, vamos discutir, mas quem vai decidir somos nós. Quem manda neste País é o povo brasileiro”, concluiu Lula.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo