Economia
Lula deve bater o martelo sobre corte de gastos em reunião nesta quinta
O chefe da Fazenda, Fernando Haddad, e outros três ministros se encontrarão com o presidente


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que o pacote de corte de gastos a ser anunciado pelo governo será fechado nesta quinta-feira 7, em uma reunião com o presidente Lula (PT). O encontro está marcado para as 9h30, no Palácio do Planalto.
Também comparecerão os ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT); do Planejamento, Simone Tebet (MDB); e de Gestão e Inovação, Esther Dweck.
Segundo Haddad, há “dois detalhes” a serem definidos com Lula nesta quinta. Ele não explicou quais são as pendências, mas afirmou que elas “não interferem no desenho do macro”.
“Resolvidos esses detalhes, a questão é como o presidente vai decidir dialogar com as duas Casas [do Congresso Nacional]. Mas, da nossa parte, quero crer que no final da manhã de amanhã estaremos com essas questões decididas“, acrescentou o ministro da Fazenda.
A declaração de Haddad indica, portanto, que Lula conversará com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), antes de autorizar a divulgação das medidas. Parte das ações dependerá da aprovação de uma proposta de emenda à Constituição.
Em meio ao debate sobre a contenção de despesas, Lula questionou nesta quarta a disposição do Congresso de equilibrar as contas públicas reduzindo o valor das emendas parlamentares. Em entrevista ao senador Jorge Kajuru (PSB-GO), o presidente também voltou a alfinetar o mercado financeiro.
“Às vezes acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira para criar confusão na cabeça da sociedade”, afirmou. “Não podemos jogar, toda vez que tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas.”
A política fiscal também foi pauta do comunicado emitido pelo Banco Central após o Comitê de Política Monetária decidir, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual. Com isso, o índice saltou de 10,75% para 11,25% ao ano.
“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.
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