Economia

Lojas da Oscar Freire fecham as portas em passeata contra terceirização

Sob chuva, marcha do MTST e centrais sindicais reúne lideranças que pediram a união da esquerda contra a direita e a derrubada da lei das terceirizações

Luciana Genro foi ao protesto no Largo da Batata: "Precisamos unir as esquerdas"
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As lojas da rua Oscar Freire, conhecido endereço de compras em São Paulo, fecharam suas portas durante uma manifestação nesta quarta-feira 15 convocada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e centrais sindicais contra a direita e por direitos trabalhistas. O protesto foi dominado pelos gritos contra a terceirização de toda a cadeia produtiva, como prevê o Projeto de Lei 4330/04, cujo texto-base foi aprovado na semana passada pela Câmara dos Deputados.

A manifestação na Oscar Freire reuniu dois protestos. O primeiro, organizado por cinco centrais sindicais, juntou centenas de pessoas em frente à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), na avenida Paulista, por volta das 17h. Os sindicalistas, que pediam a derrubada da lei das terceirizações, decidiram se juntar a outra marcha, organizada pelo MTST no Largo da Batata, zona oeste da cidade.

Por lá, 30 mil pessoas, segundo os organizadores (a PM fala em 2,5 mil), se reuniram em torno do carro de som em que discursaram algumas das principais lideranças de esquerda. Guilherme Boulos, do MTST, foi o primeiro a distribuir “recados”. “O primeiro é para a elite de São Paulo”, afirmou. “Vamos passar no ninho deles [Oscar Freire] lá nos Jardins. Seremos curtos e grossos: a rua é do povo e ninguém vai nos impedir de marchar usando vermelho.”

Quem também falou foi a ex-candidata presidencial Luciana Genro (PSOL), que pediu aos diferentes espectros da esquerda que se unam contra o conservadorismo crescente no Brasil. “Precisamos crescer em unidade nacional para derrubar o PL 4330, exigir a taxação das grandes fortunas e dizer ‘não’ ao ajuste fiscal da presidenta Dilma”, afirmou, aplaudida. “Temos de unificar nossas lutas para fazer uma oposição unida de esquerda.”

Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vagner Freitas prometeu “uma greve nacional contra o PL 4330”. “Mas não é só. Somos contra a maioridade penal, contra a discriminação sexual e pela mudança na condução econômica. A esquerda brasileira só vai vencer a direita se estiver unida.”

Acompanhando a manifestação, a estudante e ex-funcionária terceirizada Keity Maria Merci, de 21 anos, se recorda da divisão que a empresa criou entre ela e os funcionários efetivos. “Eles trabalhavam em um outro patamar, um tablado que lembrava aos outros que eles eram diferentes de nós. Eu ganhava metade do salário para fazer o mesmo serviço.”

Estudante de serviços sociais, Lizete Soares da Cunha, de 34 anos, acompanha o drama das funcionárias de limpeza da faculdade em que estuda. “O que elas sempre reclamam é que as empresas terceirizadas vivem em competição entre si. Sempre em prejuízo delas, claro.”

Às 18h37, o carro de som partiu tocando raps de protesto enquanto passava pelas avenidas Faria Lima e Rebouças antes de chegar à rua Oscar Freire. Nesse ponto da marcha, a polícia, que acompanhava de longe, se aproximou com suas viaturas enquanto os autofalantes emendavam um forró cantado e dançado por milhares, que resistiam à chuva.

À medida que a marcha avançava, os lojistas baixavam suas portas. Curiosos, alguns assistiam ao protesto pelas vidraças ou frestas das portas de aço. Sentados à porta de um restaurante, um casal bebia champanhe enquanto assistia a tudo. Alguns funcionários vibravam de dentro das lojas, enquanto outros torciam o nariz e fugiam das câmeras.

A manifestação ganhou a rua Augusta às 19h50. A meta, cumprida, era protestar em frente ao escritório da Presidência da República em São Paulo, que fica na avenida Paulista, antes de concluir o ato na Fiesp, início da manifestação sindical. Sob forte chuva, Boulos comemorou ao microfone: “Chegamos na Paulista! Aqui não tem coxinha, que só vai a protesto em domingo ensolarado. Aqui tem trabalhador que agora vai para os fundos da zona leste, para os fundos da zona sul, que vai para Carapicuíba [Grande São Paulo] e que amanhã vai acordar cedo para trabalhar.”

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