O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, defendeu nesta quarta-feira 25 sua decisão de negociar um Tratado de Livre-Comércio com a China, em meio a questionamentos de vizinhos sobre a postura do país em relação ao Mercosul. As declarações ocorreram em pronunciamento ao lado do presidente Lula (PT), em Montevidéu.
Brasil, Argentina e Paraguai entendem que o acordo de fundação do bloco estabelece que qualquer tratado com nações de fora do Mercosul requer a aprovação de todos os membros do grupo.
O Uruguai, por sua vez, alega que Argentina e Brasil já adotaram medidas bilaterais dentro do bloco, como reduções na Tarifa Externa Comum, e sustenta que outras proposições fundadoras, como o estabelecimento de uma união aduaneira ou de um mercado comum, não foram cumpridas.
“Não brigamos, simplesmente deixamos claros nossos pontos de diferença para avançar e para melhorar a relação de Uruguai e Brasil como membros do Mercosul”, afirmou Lacalle Pou.
Segundo ele, o Uruguai manterá seu diálogo com a China e o Brasil pode, ao mesmo tempo, apostar em seu próprio caminho. Na sequência, defendeu, os países devem compartilhar os termos de suas negociações. “O Mercosul que queremos é moderno, flexível e aberto ao mundo”, acrescentou.
Lacalle Pou declarou que o ponto em que mais há diferenças com o Brasil envolve a necessidade de o Uruguai “se abrir ao mundo e tratar de fazê-lo com todo o Mercosul”.
“O Uruguai está com tratativas e não tem nenhum impedimento a informar a Brasil, Argentina e Paraguai do que vem fazendo e negociando.”
Na segunda-feira 23, o ministro argentino da Economia, Sergio Massa, ao lado de seu homólogo brasileiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Uruguai “é um dos irmãos mais novos do Mercosul e Brasil e Argentina têm a responsabilidade de cuidar dele como qualquer irmão mais novo”.
Questionado sobre essa afirmação, Lacalle Pou respondeu: “Parece a Disneylândia”.
(Com informações da AFP)
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