Economia
Imprevisibilidade econômica e investimentos
Qual a razão para os empresários não investirem?
Apesar de todas as medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda, a produção industrial patina. Qual a razão dos empresários não investirem?
Ponto central é garantia de demanda futura. Ou seja, precisam acreditar que a demanda continuará crescente nos próximos anos para investir.
***
Para entender melhor os problemas, vamos dividir a demanda em vários subgrupos:
1. Demanda pública
Investimentos do PAC, das estatais e dos estados.
Não há falta de recursos financeiros. Há lentidão na implementação de projetos.
Algumas questões demandam apenas tempo:
a. No caso do PAC, problemas com falta de projetos básicos, licenciamentos ambientais, capacidade instalada das construtoras e, mais recentemente, a perda de ritmo nos investimentos em transportes, com o afastamento do polêmico Luiz Pagot do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). É questão de tempo para pegar no breu.
b. Investimento da Petrobras: exigência de conteúdo nacional para plataformas petrolíferas, pela Petrobras, dará enorme gás à indústria. Mas também leva tempo para a capacitação. Mais aporte de recursos (via BNDES ou reajuste dos preços de combustíveis) permitirá incluir mais projetos em seu plano de investimento.
c. Estados: o BNDES disponibilizou linhas gordas de financiamento para estados. Esbarra-se, mais uma vez, na carência de projetos, demandando tempo.
Problemas que estão aparecendo
No caso do Minha Casa, Minha Vida, um excessivo encarecimento das unidades, produzido pela especulação imobiliária em um mercado aquecido.
No caso da exploração de petróleo, mercado superaquecido e atrasos nas entregas de equipamentos estrangeiros e nacionais.
***
2. Demanda privada
Para efeitos didáticos, vamos dividir em dois grupos:
a. Demanda global de famílias e empresas.
Com níveis historicamente baixos de desemprego, não há nada que indique nova rodada de aumento substancial em emprego e renda. Portanto, o consumo continuará dependendo do crédito, limitado pelo comprometimento de renda das famílias. Os próximos meses serão dedicados a equacionar a questão do endividamento familiar. Uma boa safra poderá melhor a renda agrícola, rebatendo no consumo.
b. Demanda de exportáveis (produtos para exportação ou que competem com importados).
Para que o produto brasileiro possa se tornar mais competitivo, a curto prazo, necessita melhorar a relação de preços com o importado. As maneiras rápidas são desvalorização cambial e tributos sobre insumos importados.
A taxa do dólar saltou para R$ 2,00 mas não passa confiança nos exportadores.
Muitos têm fechado negócios com o dólar a R$ 1,70, por não haver confiança na sua manutenção em R$ 2,00. Em algum ponto do futuro, o BC terá que abrir do jogo de cena da flutuação e definir um patamar mínimo para o dólar.
***
O segundo ponto é a questão das cadeias produtivas. Toda a ação da Fazenda visa produtos finais – carros, geladeiras, eletroeletrônicos etc. Esta semana a Fazenda decidiu desonerar insumos, para beneficiar o produto final.
Pergunto: que fornecedor interno se disporá a investir na substituição de insumos importados, sem garantia de proteção de mercado?
Em suma, um pouco de previsibilidade na política econômica ajudaria nos planos de investimento.
Apesar de todas as medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda, a produção industrial patina. Qual a razão dos empresários não investirem?
Ponto central é garantia de demanda futura. Ou seja, precisam acreditar que a demanda continuará crescente nos próximos anos para investir.
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Para entender melhor os problemas, vamos dividir a demanda em vários subgrupos:
1. Demanda pública
Investimentos do PAC, das estatais e dos estados.
Não há falta de recursos financeiros. Há lentidão na implementação de projetos.
Algumas questões demandam apenas tempo:
a. No caso do PAC, problemas com falta de projetos básicos, licenciamentos ambientais, capacidade instalada das construtoras e, mais recentemente, a perda de ritmo nos investimentos em transportes, com o afastamento do polêmico Luiz Pagot do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). É questão de tempo para pegar no breu.
b. Investimento da Petrobras: exigência de conteúdo nacional para plataformas petrolíferas, pela Petrobras, dará enorme gás à indústria. Mas também leva tempo para a capacitação. Mais aporte de recursos (via BNDES ou reajuste dos preços de combustíveis) permitirá incluir mais projetos em seu plano de investimento.
c. Estados: o BNDES disponibilizou linhas gordas de financiamento para estados. Esbarra-se, mais uma vez, na carência de projetos, demandando tempo.
Problemas que estão aparecendo
No caso do Minha Casa, Minha Vida, um excessivo encarecimento das unidades, produzido pela especulação imobiliária em um mercado aquecido.
No caso da exploração de petróleo, mercado superaquecido e atrasos nas entregas de equipamentos estrangeiros e nacionais.
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2. Demanda privada
Para efeitos didáticos, vamos dividir em dois grupos:
a. Demanda global de famílias e empresas.
Com níveis historicamente baixos de desemprego, não há nada que indique nova rodada de aumento substancial em emprego e renda. Portanto, o consumo continuará dependendo do crédito, limitado pelo comprometimento de renda das famílias. Os próximos meses serão dedicados a equacionar a questão do endividamento familiar. Uma boa safra poderá melhor a renda agrícola, rebatendo no consumo.
b. Demanda de exportáveis (produtos para exportação ou que competem com importados).
Para que o produto brasileiro possa se tornar mais competitivo, a curto prazo, necessita melhorar a relação de preços com o importado. As maneiras rápidas são desvalorização cambial e tributos sobre insumos importados.
A taxa do dólar saltou para R$ 2,00 mas não passa confiança nos exportadores.
Muitos têm fechado negócios com o dólar a R$ 1,70, por não haver confiança na sua manutenção em R$ 2,00. Em algum ponto do futuro, o BC terá que abrir do jogo de cena da flutuação e definir um patamar mínimo para o dólar.
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O segundo ponto é a questão das cadeias produtivas. Toda a ação da Fazenda visa produtos finais – carros, geladeiras, eletroeletrônicos etc. Esta semana a Fazenda decidiu desonerar insumos, para beneficiar o produto final.
Pergunto: que fornecedor interno se disporá a investir na substituição de insumos importados, sem garantia de proteção de mercado?
Em suma, um pouco de previsibilidade na política econômica ajudaria nos planos de investimento.
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