A melhora significativa da economia, na comparação com o abismo em que foi lançada nos governos Temer e Bolsonaro, e o salto do PIB no primeiro e no segundo trimestres, assim como a revisão para cima das projeções de crescimento neste ano, tendem a desfocar a atenção das dificuldades da situação atual, que não devem ser subestimadas. O crescimento inesperado do PIB tem muito de efeito estatístico, apoia-se principalmente no agronegócio e no gasto público e diz pouco sobre o quadro atual e as perspectivas da economia como um todo.
“Se você junta juro alto, economia fraca, as incertezas sobre o resultado fiscal e quanto aos efeitos da reforma tributária, é uma coisa pesada. Sem o Programa de Aceleração do Crescimento, fica difícil a economia crescer”, alerta José Francisco Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. O País já cresceu o que tinha para crescer neste ano, porque o agro já entregou a produção, a indústria caiu e os serviços estão zerando. “O PIB foi puxado por ilhas de crescimento, que ocorreu em nichos. É muito difícil olhar para a indústria e ver um ambiente virtuoso. Infelizmente, não tem. Caso ocorra queda do PIB da indústria de transformação, vai ser a sétima em dez anos. Há uma condição adversa para o setor industrial”, sublinha Igor Rocha, economista-chefe da Fiesp.
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