Economia
Governo intensifica ‘pente-fino’ no BPC e exige recadastramento de beneficiários
A CGU aponta falhas e recomenda cruzamento de dados para prevenir fraudes; última revisão em larga escala ocorreu em 2008
O governo federal publicou, nesta sexta-feira 26, uma série de medidas para evitar fraudes no Benefício de Prestação Continuada, o BPC.
Uma das principais ações é o recadastramento obrigatório para os beneficiários com cadastros desatualizados há mais de 48 meses.
Caso não regularizem sua situação dentro do prazo estabelecido, os pagamentos poderão ser bloqueados, e o beneficiário poderá ser excluído do programa.
Estas medidas foram implementadas em resposta ao aumento expressivo nas concessões e nos gastos com o BPC. Dados do INSS revelam que as despesas com o benefício no primeiro semestre de 2024 chegaram a 44 bilhões de reais, um aumento de 19,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O número de novas concessões cresceu 40%, passando de 786.087 em 2023 para 1,1 milhão nos primeiros meses de 2024.
O custo total previsto para o BPC neste ano é de 111,5 bilhões de reais.
A equipe econômica do governo estima que o índice de fraude no benefício pode chegar a 30%.
Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado no início de julho, identificou falhas nos processos de pagamento do BPC, apontando que a metodologia e os procedimentos atuais são “pouco efetivos” e inadequados para o perfil dos beneficiários.
A CGU recomendou a realização de cruzamentos periódicos de dados para identificar possíveis acúmulos indevidos do BPC com outros benefícios assistenciais e previdenciários.
O BPC oferece um salário mínimo mensal a idosos com mais de 65 anos e a pessoas com deficiência de qualquer idade, desde que a renda per capita do grupo familiar seja igual ou inferior a um quarto do salário mínimo.
Uma alteração legislativa durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permitiu que até dois membros de uma mesma família recebessem o benefício.
Embora a legislação do BPC preveja revisões periódicas para verificar a continuidade das condições que justificaram a concessão do benefício, a última revisão em larga escala ocorreu durante o segundo mandato de Lula, entre 2008 e 2009.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
TCU investiga fraude em repasses do SUS para municípios do Maranhão durante governo Bolsonaro
Por CartaCapital
PF quer abrir nova investigação sobre esquema de fraude na vacinação em Duque de Caxias
Por Wendal Carmo



