Economia
Gastos mensais com bets podem chegar a R$ 30 bilhões, estima o BC
O presidente da entidade, Gabriel Galípolo, e seu secretário-executivo foram à CPI das Bets no Senado



O governo federal e o Banco Central têm buscado medidas para conter os gastos de cidadãos com apostas esportivas online, mas o fenômeno se mostra cada vez mais persistente. Segundo dados divulgados nesta terça-feira 8 pelo secretário-executivo da autoridade monetário, Rogério Lucca, na CPI das Bets do Senado, os brasileiros chegam a gastar até 30 bilhões de reais por mês com as bets.
“Esse é o valor que é transferido. Fazendo uma analogia, como se estivéssemos pensando em um cassino, é o montante com que a pessoa entrou no cassino”, disse Lucca. “Ela pode não ter apostado, ela pode ter apostado várias vezes ali”, acrescentou o secretário-executivo, dizendo que o intervalo de gastos fica entre 20 bilhões e 30 bilhões de reais. O dado é referente ao primeiro trimestre de 2025.
Segundo ele, o BC chegou a realizar um estudo preliminar sobre o total pago em prêmios por empresas de apostas esportivas online, mas subestimou o valor.
De início, o banco estimava que as casas de apostas distribuíam cerca de 85% dos valores aos ganhadores. Entretanto, de acordo com Gabriel Galípolo, presidente do BC, que também participou da sessão no Senado, a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda calcula que os retornos variam entre 93% e 94%.
O BC, porém, não pode divulgar informações sobre pagadores e recebedores de prêmio, uma vez que, por lei, tem de manter o sigilo bancário e a proteção de dados pessoais. Segundo Galípolo, as pessoas habituadas às apostas online, normalmente, têm um risco de crédito “significativamente maior” do que aquelas que não apostam.
A CPI das Bets começou a funcionar em novembro de 2024. O objetivo do colegiado é investigar o impacto das apostas online nos orçamentos das famílias. Os senadores também apuram se existe associação entre as bets e organizações criminosas.
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