Um estudo do Observatório Social da Petrobras, ligado à Federação Nacional dos Petroleiros, indica que o preço da gasolina estaria em média 19% mais alto se as refinarias tivessem sido privatizadas conforme o plano de desestatização da empresa.
O OSP se baseia nos preços cobrados pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, antes e depois de sua privatização, no fim do ano passado.
O diesel S-10, por sua vez, custaria 12% a mais que no atual estágio.
“Para chegar a esses números, levamos em conta o comportamento passado – antes da privatização – dos preços cobrados pelas refinarias em relação à Rlam e colocamos todos os valores em função do que é efetivamente cobrado pela Acelen, gestora da Refinaria de Mataripe, desde 1º de janeiro de 2022”, explica o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais.
“Essa simulação mostra que o efeito imediato da privatização da Petrobras é a subida geral de preços e não a diminuição, como o atual ministro de Minas e Energia quer fazer crer com sua declaração.”
O levantamento aponta que a Refinaria Isaac Sabbá, em Manaus (AM), cobraria 65 centavos a mais pela gasolina e 86 centavos mais caro pelo diesel se já tivesse sido privatizada. Hoje, a Reman vende a gasolina por 3,79 reais e o diesel a 4,88 o litro.
Na quinta-feira 12, a superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade, aprovou a venda da Reman ao grupo Atem.
De acordo com o estudo da OSP, a Refinaria Gabriel Passos, em Betim (MG), teria a maior elevação nos preços entre as refinarias privatizadas: passaria a cobrar 4,86 reais pela gasolina, ante os 3,94 praticados atualmente; pelo diesel, cobraria 6,25, em vez de 5,04.
Já o preço mais baixo da gasolina estaria na Refinaria Potiguar Clara Camarão, em Guamaré (RN), com o litro negociado a 4,37 reais, ou 61 centavos a mais do que atualmente. Já a Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), teria o menor aumento no diesel, de 80 centavos – de 4,80 para 5,60 reais.
Nas alturas
Enquanto isso, o preço da gasolina subiu pela quinta semana seguida, segundo a Agência Nacional do Petróleo.
O valor médio do litro passou de 7,295 reais na semana passada para 7,298 nesta semana, marcando um novo patamar médio recorde no varejo. Segundo a ANP, o aumento ocorreu na terceira casa decimal do preço da gasolina. Desde janeiro, o avanço é superior a 9,3% nas bombas.
Já o diesel subiu pela quarta semana seguida, passando de 6,630 para 6,847 reais – também em patamar recorde. É uma alta de 3,27% na semana. No ano, o aumento é superior a 24%.
Segundo a ANP, o preço máximo do diesel encontrado nas bombas chega a 8,300 reais por litro. No caso da gasolina, o valor máximo continua em 8,990 por litro.
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