Economia
Galípolo se diz ‘incomodado’ com inflação e indica que Selic seguirá nas alturas
Em evento na Indonésia, o presidente do Banco Central argumenta que manter a taxa de juros em 15% ajudaria a controlar a alta dos preços
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira 23 que a autoridade monetária está ‘incomodada’ com a inflação no Brasil, que está fora da meta estabelecida, e indicou a permanência da taxa básica de juros, a Selic, em patamares elevados pelos próximos meses.
Em apresentação no Fórum Econômico Indonésia-Brasil, em Jacarta, Galípolo afirmou que a inflação do País está em um patamar baixo, quando comparada a registros históricos, mas ainda distante do centro da meta, de 3% ao ano. Nos últimos 12 meses, o acumulado do IPCA, a inflação oficial, é de 5,17%.
“[O Brasil] é um país de inflação relativamente controlada. Estamos incomodados, no Banco Central, pelo fato de que ela ainda não está na meta”, disse Galípolo a empresários brasileiros e indonésios, defendendo a atuação da entidade que comanda.
“Estamos falando de uma inflação que está em processo de redução e retorno para a meta, em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário”, apontou.
Atualmente, a taxa Selic está fixada em 15%. Com isso, o Brasil tem a segunda maior taxa real de juros de todo o mundo. A taxa nas alturas incomoda setores do governo federal. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, foi taxativa: “está errado”. O próprio presidente Lula (PT) cobrou, antes de embarcar para a Ásia, uma redução na Selic.
Na ata da última reunião, realizada em setembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC já anunciava o cenário exposto nesta quinta por Galípolo. No documento divulgado pós-reunião, o colegiado disse que a política monetária deve continuar “em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.
“Apesar da inflação fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado, [estamos] conseguindo combinar um nível baixo de desemprego, crescimento positivo e inflação que está em um patamar baixo, quando a gente compara com níveis históricos do Brasil”, resumiu o chefe do BC.
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