Economia

G20: Lula diz que mercado é indiferente à discriminação e cobra que ricos paguem mais impostos

‘A crença de que o crescimento econômico, por si só, reduziria as disparidades se provou falsa’, afirmou o presidente na Índia

O presidente Lula na Cúpula do G20. Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Em seu segundo discurso neste sábado 9 na Cúpula do G20 em Nova Délhi, na Índia, o presidente Lula afirmou que a desigualdade no planeta “não para de crescer” e que o mundo “desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”.

“O mercado continuou indiferente à discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência. A desigualdade não é um dado da natureza. Ela é socialmente construída”, declarou o petista. “Combatê-la é uma escolha que temos de fazer todos os dias.”

Lula disse ser necessário “colocar os pobres no orçamento público” e “fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios”.

“A crença de que o crescimento econômico, por si só, reduziria as disparidades se provou falsa. Os recursos não chegaram nas mãos dos mais vulneráveis”, afirmou o presidente brasileiro. “Há dois séculos, a renda dos mais ricos era 18 vezes maior do que a dos mais pobres. Hoje, em plena quarta revolução industrial, a renda dos mais ricos é 38 vezes a dos mais pobres. Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%.”

O primeiro pronunciamento

Em seu discurso na abertura da Cúpula do G20, Lula cobrou mais uma vez o financiamento do combate às mudanças climáticas pelos países ricos.

Ele reforçou que o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas no ano passado, uma “montanha de dinheiro” que poderia ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento sustentável e a ação climática.

“Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida“, criticou. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global. Recursos não faltam.”

A cúpula é o ponto alto das atividades do G20 e marca a reta final da presidência rotativa do bloco, atualmente com a Índia. O Brasil assumirá o comando do grupo em 1º de dezembro.

A presidência rotativa será brasileira até o fim de 2024, quando uma nova cúpula será realizada, no Rio de Janeiro. O encontro está previsto para ocorrer entre 18 e 19 de novembro do ano que vem.

Segundo Lula, o Brasil lançará na presidência do G20 a Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

“Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.”

A programação oficial do G20 neste fim de semana prevê pelo menos três sessões temáticas principais, as duas primeiras com a participação de Lula:

  • “Um Planeta”, voltada ao debate sobre desenvolvimento sustentável, transição energética, mudanças climáticas, preservação ambiental e emissões de carbono;
  • “Uma Família”, para tratar de crescimento inclusivo, progresso nos objetivos de desenvolvimento sustentável, educação, saúde e desenvolvimento liderado por mulheres; e
  • “Um Futuro”, sobre transformações tecnológicas, infraestrutura pública digital, reformas multilaterais e o futuro do trabalho.

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