Economia
Febraban sugere em reunião com Haddad suspender o uso do Pix em bets
A entidade também propôs a criação de uma força-tarefa para realizar um diagnóstico profundo sobre o impacto das apostas online
O presidente da Federação Brasileira de Bancos, Issac Sidney, defendeu limitar ou suspender os pagamentos via Pix para apostas online, em uma reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), nesta quarta-feira 2.
A ideia é restringir a utilização da ferramenta ao menos até que a regulamentação das apostas termine, afirmou Sidney durante conversa com jornalistas. De acordo com o Banco Central, o Pix corresponde a cerca de 90% das transferências para as bets.
“Isso já acontece hoje (a limitação do Pix). Por exemplo, no período noturno, das 20h até as 6h. Mas o foco aqui não é um instrumento específico de pagamento. O foco é encontrar caminhos para evitar uma deterioração do nível de endividamento das famílias”, explicou o chefe da Febraban.
O debate em torno das bets ganhou força após um estudo produzido pelo BC mostrar que cerca de 24 milhões de pessoas físicas participam de jogos de azar e apostas no País.
Entre os beneficiários do Bolsa Família, principal programa de transferência de renda, mais de 5 milhões de usuários destinaram dinheiro às casas de apostas virtuais somente em agosto. Foram mais de 3 bilhões gastos nesse período – um montante que corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa.
A estimativa do BC considera os consumidores que realizaram ao menos uma transferência via Pix para essas empresas em agosto. A grande maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos, aponta o relatório.
O valor médio mensal das transferências aumenta conforme a idade. Para os mais jovens, os aportes chegam aos 100 reais por mês. Já os mais velhos destinam mensalmente mais de 3 mil reais.
Ainda segundo Sidney, o encontro com Haddad não serviu para propor um plano de ação, mas teve o objetivo de apresentar a “preocupação” com o crescimento das transferências às casas de apostas, o que pode ter impacto direto na taxa de inadimplência das famílias. O executivo não respondeu se o ministro foi favorável à ideia de restringir o uso do Pix.
Ele também disse ter proposto a criação de uma força-tarefa para realizar um diagnóstico mais profundo sobre o impacto das bets. “Essa força-tarefa poderia, para além do Ministério da Fazenda, contemplar outros órgãos governamentais que cuidam da defesa do consumidor, da prevenção à lavagem de dinheiro e de benefícios sociais, como Bolsa Família.”
Nesta terça-feira 1º, a Fazenda deu o primeiro passo para o controle do mercado com a apresentação da lista das plataformas que pediram autorização e podem operar no País pelo menos até o fim do ano. Mais de 190 marcas receberam o aval do governo federal – as demais não podem oferecer jogos aos brasileiros e terão seus sites bloqueados em alguns dias.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Fazenda terá sistema para impedir apostas online com cartão e mapear CPFs, diz Haddad
Por Wendal Carmo
Brasil é o 4º país com maior número de trabalhadores tristes
Por Allan Ravagnani
A entrada do TCU no monitoramento das bets
Por CartaCapital



