Economia

Famílias contêm gastos mesmo com salário mínimo maior

Pesquisa da FecomercioSP mosta aumento de apenas 1,5 ponto percentual na inadimplência entre dezembro e fevereiro deste ano, cinco vezes menor que no mesmo período do ano passado

Famílias contêm gastos mesmo com salário mínimo maior
Famílias contêm gastos mesmo com salário mínimo maior
No mercado externo, a fuga para o dólar limita as captações de bancos e grandes companhias. Por aqui, as pequenas e médias empresas encaram o aumento do custo do dinheiro. Foto: Daniel Teixeira/AE
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Entre dezembro de 2011 e fevereiro deste ano, os paulistanos apertaram o orçamento e tiveram um aumento de apenas 1,5 ponto percentual em seu endividamento, contra os 8,1% no período exatamente anterior. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Um resultado incomum, pois neste período os consumidores costumam ter mais gastos devido a festas de fim de ano e dívidas com despesas em janeiro e fevereiro, como IPVA e matrículas escolares.

Segundo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, doutor em economia e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), os dados surpreendem e indicam um maior grau de organização da vida financeira das famílias da cidade. “O brasileiro tem fama de gastador, mas aprendeu com o cenário de apreensão do último ano.”

A pesquisa evidencia também que o aumento do salário mínimo para 622 reais por mês, a injetar 47 bilhões de reais na economia brasileira, ao menos no início de 2012 não está sendo gasto em compras. “As pessoas estão usando o 13º e o rendimento extra para fazer uma poupança e pagar as dívidas.”

Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, enxerga um “resultado positivo” e relaciona a melhora na administração do orçamento familiar ao medo da inflação alta. “A memória de tempos passados pode ter influenciado os paulistanos.”

Na comparação entre janeiro e fevereiro deste ano, houve um aumento de apenas 0,4% no endividamento das famílias paulistanas, que atingiu 42,8%. Uma queda de 11 pontos percentuais para os 53,8% registrados no mesmo período de 2011.

Por outro lado, o número de famílias com contas atrasadas aumentou 1,6 pontos percentuais e atingiu 12,1%, apesar de estarem poupando mais e do aumento do salário mínimo. “Neste mês há um acumulo de pagamentos, por isso, esse avanço é pequeno. Se o nosso consumidor tivesse gastado dinheiro, a inadimplência teria aumentado muito mais”, destaca Almeida.

De acordo com a FecomercioSP, cerca de 48% das famílias com contas em atraso têm vencimentos sem pagar há mais de 90 dias, 25,1% entre 30 e 90 dias e 22,5% até 30 dias. Além disso, 27,5% dos paulistanos estão com a renda comprometida com dívidas superiores a um ano e 21,8% entre seis meses e um ano.

Neste cenário, o consultor do IEDI acredita que o endividamento não tende a aumentar em ritmo acelerado nos primeiros meses do ano. “No segundo semestre pode haver uma mudança. Caso as condições da economia internacional melhorem, pode haver impacto no aumento do crédito e eventualmente na inadimplência.”

Souza defende, porém, que os indicadores são “otimistas” em relação ao aumento do consumo. “Houve uma elevação significativa do piso salarial, a inflação no primeiro semestre deve estar em queda e o período de maiores gastos já passou. Por isso, o consumo doméstico deve se manter em um bom patamar.”

O professor ainda completa que o mercado doméstico é a melhor esperança para impulsionar o crescimento da economia brasileira no primeiro semestre. “Sem o consumo, teremos muitas dificuldades, porque a indústria não apresentou melhora, enfrenta dificuldades cambiais e a baixa competitividade.”

Vilões

O cartão de crédito é o principal tipo de dívida acumulada pelas famílias paulistas. A opção foi utilizada por 67,5% dos 2,2 mil entrevistados, uma queda em relação aos 75% de janeiro.

Para Almeida, as famílias paulistanas não devem utilizar o cartão de crédito para gastar agora e pagar mais para frente. “O Banco Central adotou medidas de restrição no setor e não vai haver forte possibilidade de aumento destes gastos como no ano passado.”

Entre dezembro de 2011 e fevereiro deste ano, os paulistanos apertaram o orçamento e tiveram um aumento de apenas 1,5 ponto percentual em seu endividamento, contra os 8,1% no período exatamente anterior. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

Um resultado incomum, pois neste período os consumidores costumam ter mais gastos devido a festas de fim de ano e dívidas com despesas em janeiro e fevereiro, como IPVA e matrículas escolares.

Segundo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, doutor em economia e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), os dados surpreendem e indicam um maior grau de organização da vida financeira das famílias da cidade. “O brasileiro tem fama de gastador, mas aprendeu com o cenário de apreensão do último ano.”

A pesquisa evidencia também que o aumento do salário mínimo para 622 reais por mês, a injetar 47 bilhões de reais na economia brasileira, ao menos no início de 2012 não está sendo gasto em compras. “As pessoas estão usando o 13º e o rendimento extra para fazer uma poupança e pagar as dívidas.”

Antonio Carlos Alves dos Santos, doutor em economia e professor da PUC-SP, enxerga um “resultado positivo” e relaciona a melhora na administração do orçamento familiar ao medo da inflação alta. “A memória de tempos passados pode ter influenciado os paulistanos.”

Na comparação entre janeiro e fevereiro deste ano, houve um aumento de apenas 0,4% no endividamento das famílias paulistanas, que atingiu 42,8%. Uma queda de 11 pontos percentuais para os 53,8% registrados no mesmo período de 2011.

Por outro lado, o número de famílias com contas atrasadas aumentou 1,6 pontos percentuais e atingiu 12,1%, apesar de estarem poupando mais e do aumento do salário mínimo. “Neste mês há um acumulo de pagamentos, por isso, esse avanço é pequeno. Se o nosso consumidor tivesse gastado dinheiro, a inadimplência teria aumentado muito mais”, destaca Almeida.

De acordo com a FecomercioSP, cerca de 48% das famílias com contas em atraso têm vencimentos sem pagar há mais de 90 dias, 25,1% entre 30 e 90 dias e 22,5% até 30 dias. Além disso, 27,5% dos paulistanos estão com a renda comprometida com dívidas superiores a um ano e 21,8% entre seis meses e um ano.

Neste cenário, o consultor do IEDI acredita que o endividamento não tende a aumentar em ritmo acelerado nos primeiros meses do ano. “No segundo semestre pode haver uma mudança. Caso as condições da economia internacional melhorem, pode haver impacto no aumento do crédito e eventualmente na inadimplência.”

Souza defende, porém, que os indicadores são “otimistas” em relação ao aumento do consumo. “Houve uma elevação significativa do piso salarial, a inflação no primeiro semestre deve estar em queda e o período de maiores gastos já passou. Por isso, o consumo doméstico deve se manter em um bom patamar.”

O professor ainda completa que o mercado doméstico é a melhor esperança para impulsionar o crescimento da economia brasileira no primeiro semestre. “Sem o consumo, teremos muitas dificuldades, porque a indústria não apresentou melhora, enfrenta dificuldades cambiais e a baixa competitividade.”

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