Economia

Em semana decisiva, PT retoma cobrança ao BC e deputado quer levar Campos Neto à Câmara

O requerimento foi apresentado um dia antes de o Copom iniciar o encontro que definirá se a Selic permanecerá em 13,75%

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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O PT retomou nesta segunda-feira 20 as cobranças públicas a Roberto Campos Neto. O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) protocolou nesta tarde um requerimento para o presidente do Banco Central ser convidado a “prestar esclarecimentos sobre a política monetária”.

A decisão ocorre um dia antes de o Comitê de Política Monetária do BC iniciar o encontro que definirá se a Selic permanecerá em 13,75% ao ano. A taxa básica de juros está no centro das críticas do governo Lula (PT) a Campos Neto.

Segundo o requerimento de Lindbergh, protocolado na Comissão de Finanças e Tributação, “a política monetária tem impacto direto na economia, nas decisões de investimento, no crescimento do PIB e na geração de empregos”. Por isso, justifica, “é necessário que o presidente do Banco Central preste esclarecimentos a essa Casa sobre a política monetária adotada, o diagnóstico considerado e os objetivos a serem perseguidos”.

O líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PT-PR), usou as redes sociais na manhã desta segunda para dizer que Campos Neto “deveria ter se antecipado e vindo à Câmara dialogar e explicar suas decisões”.

Já a presidenta nacional do partido, Gleisi Hoffmann, escreveu que Campos Neto “deveria ouvir Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia: autonomia deve ser acompanhada de responsabilidade”. Ela acrescentou que o presidente do BC “tem de justificar por que está adotando a politica, prestar contas à sociedade e ao Congresso, mostrar resultados, como é nos EUA”.

Ela se refere ao discurso do professor da Universidade de Columbia Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, na conferência Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI, promovida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social nesta segunda.

“A taxa de juros de vocês de fato é chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia“, criticou o especialista norte-americano. “É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. Parte da razão de vocês sobreviverem a essas taxas de juros é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que tem feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores.”

Segundo Stiglitz, o fato de o Brasil sofrer historicamente com altas taxas de juros na comparação com outras nações impôs uma “desvantagem competitiva”, a ser superada com empreendedorismo e inovação.

“Mas talvez a pergunta que vocês deviam ter feito é: onde estaríamos se tivéssemos uma política monetária mais razoável? Diria que vocês estariam em um crescimento econômico muito maior”, avaliou.” Esse foi um dos fatores que levaram vocês a uma performance fraca (de desenvolvimento) ao longo do tempo.”

Também nesta segunda, o PT divulgou em seu site oficial um protesto convocado por centrais sindicais para esta terça-feira 21 contra os altos juros no País. A mobilização nacional é encabeçada pela Central Única dos Trabalhadores e por movimentos populares.

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