Economia
Em ata, Copom indica que Selic deve se manter alta por ‘período bastante prolongado’
O órgão do BC indicou que não deverá aumentar – nem reduzir – a taxa de juros na próxima reunião


O Comitê de Política Monetária (Copom) não deve baixar a taxa básica de juros do País – a Selic – tão cedo. É o que mostra a ata da reunião do colegiado do Banco Central (BC), divulgada nesta terça-feira 24.
O documento se refere à reunião da semana passada, que elevou a Selic para 15% anuais. O aumento marca o sétimo ajuste consecutivo no ciclo iniciado em setembro, atingindo o maior patamar desde julho de 2006.
Sob a gestão de Gabriel Galípolo, foram realizados quatro aumentos, acumulando alta de 4,5 pontos percentuais no período.
O Copom diz que “optou pela elevação de 0,25 ponto percentual, avaliando que a economia ainda apresenta resiliência, o que dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário”.
Essa trajetória de alta, porém, deve ser interrompida. No comunicado, o colegiado indicou que “antecipa uma interrupção no ciclo de elevação de juros para avaliar os impactos acumulados ainda a serem observados da política monetária“.
O BC quer observar se os efeitos da política restritiva adotada até aqui conseguirão reduzir os preços e aproximar a inflação da meta de 3% no ano.
Em outras palavras, a estratégia envolve manter a taxa em 15% por um “período bastante prolongado” — expressão que apareceu cinco vezes no documento.
“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, afirmou o órgão.
A autoridade monetária espera que os efeitos do aperto monetário se aprofundem nos próximos trimestres, resultando em menor atividade econômica e eventual arrefecimento do mercado de trabalho.
Leia a íntegra da ata do Copom:
Copom271-not20250618271Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

CNI critica alta da Selic para 15% e alerta que juros sufocam a indústria e a economia
Por Do Micro ao Macro
‘Incompreensível’, diz Gleisi sobre a decisão do Copom de elevar a Selic a 15%
Por CartaCapital