Economia

Efeitos de incentivos do governo para aquecer economia podem estar no fim, diz economista

Segundo o IBGE, a produção industrial nacional registrou queda de 2,5% em fevereiro e anulou ganhos do mês anterior

Foto: Anderson Gores/AE
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Bruno Bocchini


Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os efeitos das medidas que o governo vem tomando desde o ano passado para aquecer a economia e, consequentemente, o setor industrial, podem estar acabando. A avaliação, do  presidente da Ordem dos Economistas do Brasil e professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), Manuel Enriquez Garcia, é baseada no resultado da Pesquisa Industrial Mensal, divulgada na terça-feira 2 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou queda de 2,5% na produção industrial nacional em fevereiro.

“Os resultados estão evidenciando que essa política, de diminuição da taxa de juros, facilidades para o crédito, a redução de uma série de tributos, com o intuito de que o consumidor brasileiro adquira bens de consumo duráveis, já tenha chegado a um nível de uma certa exaustão”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

Entre as categorias pesquisadas, a queda foi puxada, principalmente, pelos bens de consumo duráveis, que tiveram redução de 6,8% na produção, no período. Os bens de consumo semi e não duráveis registraram queda de 2,1%, e os bens intermediários, de 1,3%. A única alta foi observada em bens de capital, com aumento de 1,6% na produção.

“Possivelmente o governo já percebeu a fraqueza dos dados de fevereiro e, daí, ter mantido o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] baixo até o final do ano, principalmente no setor de automóveis, que é uma cadeia importante. Mas, mesmo nesse setor, os reflexos não têm sido nada positivos, estamos ainda patinando bastante”, destacou Garcia.

Entre as 27 atividades industriais pesquisadas, 15 tiveram queda. A maior redução foi observada no segmento dos veículos automotores, com recuo de 9,1% na produção em fevereiro. Outros setores que tiveram quedas importantes foram indústria farmacêutica (-10,8%) e refino de petróleo e álcool (-5,8%).

De acordo com o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério César de Souza, a indústria nacional deverá apresentar melhores resultados no decorrer do primeiro semestre, apesar do início do ano com baixo desempenho. “A indústria fecha o ano com resultados positivos, mesmo porque o ano passado foi muito ruim, e também existe uma perspectiva de um melhor resultado para a economia brasileira, também um cenário externo mais benigno, menos desfavorável”, disse.

Em relação a fevereiro do ano passado, a indústria brasileira teve uma queda de 3,2 %. No ano, a indústria acumula alta de 1,1 %. Já nos últimos 12 meses, há uma queda acumulada de 1,9%.

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