A intensificação do debate sobre os subsídios ao agronegócio após a avalanche de execrações aos subsídios previstos no novo plano de política industrial, lançado há duas semanas pelo governo, talvez contribua para lançar luz sobre a realidade dissimulada dos grandes interesses do setor agropecuário, articulado ao setor financeiro e à mídia. O que mais chama atenção não é tanto que o agronegócio tenha se agigantado no País, mas o fato de o Brasil ter-se transformado, em diferentes etapas desde a ditadura, em uma colossal máquina econômica, política e ideológica movida pelos interesses de uma parcela ínfima de proprietários rurais e empresas conexas.
É o que mostram os números e as avaliações de abalizados economistas e outros analistas. É inegável a eficácia do agronegócio como um aparelho de geração de divisas, mas as disfunções do mecanismo não são de todo evidentes e precisam ser desvendadas, sublinham. Segundo Sérgio Sauer, professor da UnB e coordenador do Observatório Matopiba, o subsídio, no sentido de apoio estatal a setores econômico-produtivos mais vulneráveis, não é um problema. Compensações e apoios estatais, tanto para diminuir vulnerabilidades quanto para fomentar investimentos, devem existir, mas precisam, necessariamente, resultar em ganhos e retornos para a sociedade, como o crescimento econômico e a geração de empregos.
Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.
Já é assinante? Faça login