O Instituto Eqüit, que há 20 anos estuda gênero e desigualdade no Brasil, acaba de lançar o relatório Endividar-se para Viver: o Cotidiano das Mulheres na Pandemia e o livro O Sistema Financeiro e o Endividamento das Mulheres. O relatório analisa o impacto do “endividamento de sobrevivência” sobre mulheres do Norte e Nordeste, que, além de cuidar da família, muitas vezes são também provedoras. Já o livro mostra os efeitos da crescente presença dos bancos na vida e no endividamento da população. Graciela Rodríguez, coordenadora do Eqüit, alerta: “Diante do aumento da informalidade e da precarização dos trabalhos, além da oferta crescente de crédito, este cenário tende a piorar, deixando as mulheres cada vez mais envolvidas neste ciclo vicioso”.
O levantamento revela que a modalidade de crédito mais utilizada na pandemia foi o cartão de crédito (38% das entrevistadas). Do total, 32% utilizaram o cartão associado a outras formas de financiamento. A pesquisa mostrou que quase dois terços reportam maior oferta de crédito, numa situação em que a maioria relata aumento das despesas domésticas. “Antes, os brasileiros se endividavam para comprar carro e casa, mas, atualmente, fazem dívidas para conseguir comer e pagar as contas”, resume a pesquisadora.
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