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Dívida para comer

No Brasil atual, mulheres pobres se endividam para pagar as contas básicas da família, aponta estudo

Imagem: Prefeitura de Caruaru
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O Instituto Eqüit, que há 20 anos estuda gênero e desigualdade no Brasil, acaba de lançar o relatório Endividar-se para Viver: o Cotidiano das Mulheres na Pandemia e o livro O Sistema Financeiro e o Endividamento das Mulheres. O relatório analisa o impacto do “endividamento de sobrevivência” sobre mulheres do Norte e Nordeste, que, além de cuidar da família, muitas vezes são também provedoras. Já o livro mostra os efeitos da crescente presença dos bancos na vida e no endividamento da população. Graciela ­Rodríguez, coordenadora do Eqüit, alerta: “Diante do aumento da informalidade e da precarização dos trabalhos, além da oferta crescente de crédito, este cenário tende a piorar, deixando as mulheres cada vez mais envolvidas neste ciclo vicioso”.

O levantamento revela que a modalidade de crédito mais utilizada na pandemia foi o cartão de crédito (38% das entrevistadas). Do total, 32% utilizaram o cartão associado a outras formas de financiamento. A pesquisa mostrou que quase dois terços reportam maior oferta de crédito, numa situação em que a maioria relata aumento das despesas domésticas. “Antes, os brasileiros se endividavam para comprar carro e casa, mas, atualmente, fazem dívidas para conseguir comer e pagar as contas”, resume a pesquisadora.

Imagem: Adriano Vizoni/Folhapress


O NOBEL DA GRANDE RECESSÃO

Imagem: Washington University, Paul Morigi/Brookings Institution e Kamil Krzaczynski/AFP

O sistema bancário e as crises financeiras deram o Prêmio Nobel de Economia deste ano a Ben Bernanke, que pilotou o Federal ­Reserve em 2008, Douglas Diamond, professor da Booth School of Business da Universidade de Chicago, e Philip Dybvig, da Olin ­Business School da Universidade de ­Washington em St. Louis. Segundo o comitê em Estocolmo, o trabalho do trio “melhorou significativamente a compreensão do papel dos bancos na economia, particularmente durante crises financeiras”, e mostrou por que é importante evitar colapsos de instituições financeiras, intervenção “inestimável” na crise de 2008 e 2009 e durante a pandemia.


VALE

A Cosan combinou ações do mercado à vista com opções para a compra de 4,9%, mais adicional de 1,6%, sujeito à aprovação do Cade, da Vale. A transação derrubou as ações da Vale e, principalmente, da Cosan (-8,7%). Analistas apontaram o alto endividamento da operação e a falta de sinergia com outros negócios. A transação foi financiada por um empréstimo-ponte de longo prazo de 8 bilhões de reais do Itaú e do Bradesco e uma estrutura de derivativos de cinco anos com JP Morgan e Citi no total de 13 bilhões. A intenção é investir em setores nos quais o Brasil tem claras vantagens competitivas.


EDUCAÇÃO

A Provi bateu a marca de 1 bilhão de reais em financiamento a mais de 260 mil alunos, 59% deles mulheres e 80,9% das classes C, D e E, em seus poucos mais de três anos de atuação. Responsável por introduzir o ISA (Income Share Agreement), modelo de financiamento no qual o aluno só começa a pagar o curso após obter uma renda mínima, a fintech recebeu da Yunus Negócios Sociais (ONG fundada pelo Nobel da Paz Muhammad Yunus) nova classificação de empresa que gera impacto positivo à sociedade, por oferecer crédito aos alunos de cursos profissionalizantes com taxas mais acessíveis do que aquelas de mercado.


DISPUTA

As maiores fabricantes de chips da Ásia perderam mais de 240 bilhões de dólares em valor de mercado, depois de Washington erguer novas barreiras à exportação de tecnologia para a China, incluindo chips para Inteligência Artificial e supercomputação e equipamentos de semicondutores. A Taiwan ­Semiconductor ­Manufacturing (TSMC), maior fabricante de chips terceirizada do mundo, sofreu queda recorde de 8,3%. Mas o impacto também se estendeu à coreana Samsung ­Electronics, à japonesa Tokyo Electron, às norte-americanas Nvidia, Advanced Micro ­Devices, Qualcomm e Texas Instruments e à fabricante de ferramentas para semicondutores holandesa ASML (mais de 11% de queda).

PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1230 DE CARTACAPITAL, EM 19 DE OUTUBRO DE 2022.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Dívida para comer”

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