Discurso de Fernández na ONU tem duras críticas ao FMI e ao bloqueio contra Cuba: ‘Inaceitável’

Sob o governo do neoliberal Mauricio Macri, a Argentina contraiu um empréstimo com o fundo de 57 bilhões de dólares, em 2018

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, na Assembleia Geral da ONU em 2023. Foto: Leonardo Munoz/AFP

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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, criticou nesta terça-feira 19, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, a “arquitetura financeira global”, baseada na especulação em detrimento do desenvolvimento e na mão de obra barata em vez do trabalho digno.

Em Nova York, o peronista disse ser o momento de promover a justiça social e fez duras críticas ao Fundo Monetário Internacional.

“O FMI não pode aumentar as suas taxas de juros sempre que o Fed (o banco central dos Estados Unidos) aumenta as suas taxas para conter a inflação no país. Ele não pode fazer isso, mas faz”, declarou Fernández. “É vergonhoso que ainda hoje se apliquem sobretaxas a muitos países que já não conseguem suportar o peso da dívida externa.”

Segundo o presidente argentino, é necessário formalizar um novo marco para lidar com as dívidas soberanas, orientado pelo desenvolvimento com justiça social.

“A experiência mostra que quando um povo é sufocado pela condenação eterna ao endividamento, a sua força desaparece, as crises sociais se intensificam e as dívidas tornam-se impagáveis”, prosseguiu.

Sob o governo do neoliberal Mauricio Macri, a Argentina contraiu um empréstimo com o FMI de 57 bilhões de dólares, em 2018. Após tomar posse, Fernández renunciou às parcelas pendentes e renegociou em 2021 os 44 bilhões de dólares recebidos.


Segundo cálculos do governo, a taxa básica de 4,033% que o FMI aplica sobe para 8,033% no caso argentino, devido a diversas penalidades e sobretaxas.

No discurso desta terça, Fernández também afirmou que a Argentina se opõe à adoção de medidas coercitivas unilaterais e de práticas comerciais discriminatórias. Segundo ele, “a perpetuação do bloqueio contra Cuba é inaceitável”.

“Ano após ano, esta Assembleia Geral exige – por uma esmagadora maioria – a necessidade de colocar fim a este bloqueio. Da mesma forma, as sanções impostas pelos Estados Unidos à Venezuela devem cessar imediatamente”, acrescentou.

Ele ainda voltou a refoçar que as Ilhas Malvinas “fazem parte do território argentino”, mas “estão ocupadas ilegalmente pelo Reino Unido”, que se recusa a retomar negociações. “A Argentina mantém um firme compromisso com a solução pacífica desta anacrônica situação colonial”, afirmou.

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