Economia

Desempenho da indústria automobilística segue estável, mas cenário político preocupa

A piora da crise sanitária e a lenta vacinação devem comprometer as perspectivas para este ano

Fábrica da Volkswagen em Taubaté (Foto: Renato Frasnelli/Fotos Públicas)
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A paralisação das atividades de 14 montadoras no final de março não chegou a comprometer o desempenho da indústria no mês passado. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entidade que representa o setor, a produção em março aumentou 1,7% em relação a fevereiro e 5,5% sobre o mesmo período do ano passado. No acumulado do trimestre, a alta foi de 2%, com um total de 597,8 mil unidades produzidas. Segundo a entidade, todas as empresas terão retomado suas atividades nos próximos dias.

Os resultados das vendas internas e exportações foram favoráveis, com aumento de 15,7% em março na comparação com o mesmo período de 2020, puxadas pelo agronegócio, comércio eletrônico e construção civil. As vendas de caminhões aumentaram 38,3% em relação a fevereiro e 67% na comparação com março do ano passado. Muito embora a base baixa de 2020 e o número menor de dias úteis em fevereiro tenham contribuído para esse resultado, o desempenho do agronegócio na economia vem assegurando bons resultados nas vendas da indústria.

O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, observou que a tecnologia também tem contribuído para minimizar os efeitos da pandemia sobre as vendas, com as concessionárias virtuais e o licenciamento digital, que garantem a continuidade dos serviços, sem a necessidade de alterar os níveis dos estoques, que permanecem nos 100 mil veículos desde dezembro.  Já o setor de ônibus segue como o mais afetado pela crise sanitária, segundo dados da Anfavea.

Numa avaliação geral sobre a indústria, Moraes considerou o desempenho de março aceitável, mas revela preocupação com o restante do ano. Os motivos são vários. O dólar alto, por exemplo, se explica pela perspectiva de aumento de risco do País. A desconfiança dos agentes econômicos se reflete na curva de juros de longo prazo, que sobe e pressiona os custos de captação.  Agora, “o mais difícil mesmo é explicar para as matrizes da indústria automobilística o que acontece no ambiente político do País”. Há um agravamento da pandemia e atraso na vacinação, que afeta a renda, o consumo e a atividade econômica, enquanto isso “Brasília está pensando em 2022 e não no grave momento pelo qual passamos”, diz. “Com esse quadro, como justificar que investimentos venham para o Brasil.”

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