Economia

Copel lança oferta de privatização, mas cita risco de cancelamento pelo TCU

A oferta de ações desta quarta envolve a venda de 549,1 milhões de papéis da empresa

Copel lança oferta de privatização, mas cita risco de cancelamento pelo TCU
Copel lança oferta de privatização, mas cita risco de cancelamento pelo TCU
Fachada da Companhia Paranaense de Energia, a Copel. Foto: Carlos Costa/CMC
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A Copel, empresa de energia elétrica do Paraná, lançou nesta quarta-feira 26 a oferta pública de ações para privatização da estatal. A oferta, que prevê a diluição da participação do governo paranaense no capital da empresa, menciona que há um risco de cancelamento da operação por decisão do Tribunal de Contas da União.

De acordo com a estatal, caso o TCU “se manifeste no sentido de não aprovar os termos definidos na Portaria Interministerial, inclusive no sentido de determinar alteração relevante nos valores do Bônus de Outorga, a oferta não será concluída”.

A decisão mencionada, como se vê, leva em conta uma possível avaliação desfavorável no TCU sobre o bônus de outorga a ser pago pela Copel para renovação de concessões de três usinas hidrelétricas. O valor do bônus é de 3,7 bilhões de reais.

A renovação de concessões das hidrelétricas envolve as usinas de Salto Caxias, Segredo e Foz do Areia. Elas correspondem a mais da metade do parque gerador da companhia paranaense. A concessão da Foz do Areia vence no final deste ano.

A intenção da atual gestão do governo do estado, liderada por Ratinho Júnior (PSD), era realizar a privatização já com uma decisão final do TCU. Isso porque, caso o valor do bônus não seja aprovado, o modelo de oferta de ações poderia mudar para garantir caixa para a empresa e cobrir o custo da operação de renovação.

A corrida pelo processo de privatização, portanto, ocorre pela pressa em se desfazer do controle da empresa antes que tenha que ser feita a renovação da concessão em uma condição considerada mais desfavorável.

No início do mês, quando o ministro Vital do Rêgo pediu vistas no processo sobre o bônus de outorga, a Copel chegou a cogitar segurar a oferta de ações para setembro. A avaliação, porém, é de que adiar a venda da estatal faria com que se perdesse uma janela de ofertas estrangeiras. Ainda não há data para que o tema retorne ao julgamento do TCU de forma antecipada. O prazo regimental do pedido de vista termina no início de agosto.

Oferta de ações

A oferta de ações desta quarta envolve a venda de 549,1 milhões de papéis da empresa, sendo 229,8 milhões de ações na tranche primária e 319,3 milhões de ações detidas pelo governo do estado. A estimativa é que a operação possa movimentar cerca de 4,9 bilhões de reais. A precificação das ações da Copel está marcada para o dia 8 de agosto.

Eletrobras

Em outra frente de questionamento está a reformulação do estatuto da Copel, que seguiu o mesmo modelo da Eletrobras, questionado judicialmente pelo governo federal.

A reformulação inclui o mecanismo que limita a 10% do poder de voto de acionistas ou grupos de acionistas. A expectativa é que, em caso de decisão favorável ao governo Lula na ação que tramita no Supremo Tribunal Federal, a desestatização da companhia paranaense também seja questionada, uma vez que é alvo de intensa resistência de parlamentares do PT no estado.

O deputado estadual Arilson Chiorato, que comando o PT no Paraná, prometeu mobilizar parlamentares e populares contra a venda anunciada.

O processo completo de privatização da Copel, importante ainda mencionar, esbarra em outra série de suspeitas e falhas, conforme mostrou em CartaCapital na edição impressa nº 1248, em 1º de março de 2023.

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