Economia

Conselhos de Economia questionam prêmio de ‘Economista do Ano’ dado por entidade a Milei

Cofecon e Corecon-SP sustentam que Ordem dos Economistas do Brasil não representa categoria no País

Conselhos de Economia questionam prêmio de ‘Economista do Ano’ dado por entidade a Milei
Conselhos de Economia questionam prêmio de ‘Economista do Ano’ dado por entidade a Milei
O presidente da Argentina, Javier Milei. Foto: Anna Moneymaker/AFP
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O presidente da Argentina, Javier Milei, recebeu na última quarta-feira 25 o prêmio “Economista do Ano” da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), mas o reconhecimento não agradou aos conselhos representativos da categoria.

O Conselho Federal de Economia (Cofecon), por exemplo, contestou o prêmio e disse que Milei enfrenta “grave denúncia de fraude financeira envolvendo criptomoedas”.

Segundo o Cofecon, a OEB “é uma entidade privada que reúne um pequeno grupo de cidadãos, economistas ou não, e não possui qualquer atribuição normativa, fiscalizatória ou representativa sobre a profissão de Economista”.

Na última quarta-feira 26, o Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), divulgou um comunicado em tom semelhante ao Conselho federal, ressaltando que a premiação dada ao mandatário argentino “não foi entregue pela entidade que representa os Economistas brasileiros”.

“A referida Ordem é uma organização da sociedade civil com pouquíssimos associados com suas contribuições em dia e representa somente esse restrito público”, diz o Corecon-SP.

Segundo a organização paulista, “as únicas entidades com representação legal dos Economistas brasileiros são o Conselho Federal de Economia […] e o Sindicato dos Economistas, que atua na defesa da categoria”.

A entidade de SP se disse “surpresa” com a premiação atribuída pela Ordem, fazendo menção ao fato de que o responsável pela premiação é o economista Manuel Enriquez Garcia, que, segundo o Conselho, “teve o seu registro de Economista suspenso pelo Cofecon por questões éticas, tendo o Tribunal de Contas da União (TCU) considerado procedentes as denúncias de irregularidades cometidas em sua gestão quando foi Presidente do Corecon-SP, na década passada”.

A economia sob Milei

A gestão Milei é conhecida pela aplicação do radical programa de corte de gastos na Argentina. O mandatário assumiu o país com uma inflação nas alturas, mas a subida dos preços foi sendo contida, mês a mês.

No primeiro semestre do ano passado, por exemplo, a inflação se aproximava da casa dos 300% ao ano, mas, no último mês de janeiro, o acumulado dos últimos doze meses ficou em 84%.

Entretanto, o custo econômico de um choque tão intenso se expressa na queda da produção industrial, por exemplo, Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec), a produção da indústria do país vizinho registrou uma queda de 9,4% no acumulado de 2024, na comparação com o ano anterior.

Além disso, o custo social das primeiras medidas de Milei foi um destaque na Argentina. O presidente promoveu demissões em massa entre servidores públicos, acabando com as atividades de vários órgãos públicos e fechando ministérios de governos anteriores.

Por outro lado, os salários na Argentina voltaram a superar a inflação mensal, especialmente no segundo semestre de 2024. O governo do país vizinho ainda não divulgou o dado atualizado do índice de pobreza no país, mas estudos de centros de pesquisa mostraram que, até metade do ano passado, a taxa superava os 50%. Hoje, consultorias privadas estimam que a taxa de pobreza esteja abaixo dos 40%.

O Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina também sofreu retração (-1,8%) em 2024, segundo o mesmo instituto. A queda já era esperada desde o início do governo Milei, mas foi menor do que era projetado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que acreditava que a economia do país cairia 3,5% no ano passado.

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