Economia

‘Como fazer política fiscal saudável com juros que derrubam a arrecadação?’, questiona Haddad

O Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne neste mês para analisar a Selic, alvo de críticas do governo Lula

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contestou nesta sexta-feira 10 a atual condução da política monetária no Brasil. A Selic, em 13,75% ao ano, está no centro da ofensiva do governo Lula (PT) contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Em entrevista à CNN Brasil, Haddad foi questionado sobre uma eventual preocupação com a reação do presidente da República caso o Comitê de Política Monetária do BC não reduza os juros na reunião marcada para 22 de março. Ele disse se preocupar, na verdade, com “o que está acontecendo no mercado”.

“Quando a taxa [Selic] estava a 2%, os empresários sólidos tomaram empréstimo a 6%. Hoje, esses mesmos empresários estão rolando a 20%”, disse o ministro. Segundo ele, essa “virada foi muito forte”.

Haddad disse ser necessário estabelecer uma “relação de confiança” entre as políticas fiscal e monetária no País.

Como você quer que eu faça uma política fiscal saudável com uma taxa de juros que derruba a arrecadação e enfraquece a economia? Na verdade, essa divisão entre políticas monetária e fiscal é uma forma de pensar a economia que não consegue traduzir a complexidade desse organismo”, argumentou. “Tem dois braços, fiscal e monetário, mas eles têm de trabalhar juntos. Não é um esperando o outro fazer para depois começar a trabalhar.”

Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também criticou a taxa Selic ao anunciar que um novo programa de investimentos, aos moldes do antigo Programa de Aceleração do Crescimento, será lançado em abril.

“Queremos contribuir de forma decidida à volta do emprego. O único elemento que todos nós queremos ver acontecer o mais breve possível para viabilizar ainda mais rapidamente a volta do emprego e da renda é a queda da taxa de juros”, disse Costa a jornalistas. “Porque, com 13,75%, não é fácil botar projeto de PPP e concessão de pé a essa taxa de juros.”

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