Economia

Como a votação na Câmara enfraqueceu o 1º projeto do pacote de corte de gastos

A mudança restringiu a ação do governo sobre as emendas parlamentares para cumprir o arcabouço fiscal

Como a votação na Câmara enfraqueceu o 1º projeto do pacote de corte de gastos
Como a votação na Câmara enfraqueceu o 1º projeto do pacote de corte de gastos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
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A votação na Câmara nesta quarta-feira 18 enfraqueceu o primeiro projeto do pacote de corte de gastos apresentado pelo governo Lula (PT). Os deputados chancelaram o texto-base na terça, com 318 votos favoráveis (eram necessários no mínimo 257) e 149 contrários. Faltava, porém, analisar os destaques — sugestões de mudança na redação.

A Casa decidiu nesta quarta autorizar o bloqueio apenas de parte das emendas parlamentares para cumprir o arcabouço fiscal, a partir de uma emenda aglutinativa apresentada pelo deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Casa.

Com a nova redação, o eventual bloqueio de até 15% das emendas se aplicará somente àquelas não impositivas, como as de comissão. O acerto deixa de fora, portanto, as emendas individuais e as de bancada, cuja execução é obrigatória. A proposição recebeu 444 votos favoráveis e apenas 16 contrários.

O contingenciamento ocorre quando há risco de descumprir a meta fiscal do ano por queda de receitas. Já o bloqueio acontece quando é necessário cumprir o limite de despesas.

A apresentação da emenda aglutinativa pelo líder do governo teve o objetivo de evitar a votação de um destaque do PL que pretendia excluir do texto a regra de contingenciamento e bloqueio de qualquer emenda parlamentar.

O texto também autoriza o governo a restringir o uso de créditos tributários em caso de déficit nas contas públicas. O limite será mensal e variará de acordo com o tamanho da compensação. Não serão atingidos os créditos de até 10 milhões de reais.

A matéria ainda veda, em um cenário de déficit, a concessão, a ampliação ou a prorrogação de incentivos fiscais e o aumento das despesas com pessoal acima do limite inferior do arcabouço — ou seja, 0,6% acima da inflação.

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