Economia

Com Selic a 13,25%, Brasil tem a maior taxa real de juros no mundo

Redução de três pontos percentuais fez a Argentina deixar a liderança e cair para a terceira colocação

Com Selic a 13,25%, Brasil tem a maior taxa real de juros no mundo
Com Selic a 13,25%, Brasil tem a maior taxa real de juros no mundo
Boletim do Banco Central aponta leve alta na previsão de crescimento do PIB, indicando manutenção do ritmo econômico.
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O Brasil é o país com a maior taxa real de juros do mundo, aponta um ranking da consultoria MoneYou atualizado nesta sexta-feira 31. Na última quarta-feira 29, o Comitê de Política Monetária do Banco Central aprovou mais um forte aumento e levou a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano.

Logo após o resultado do Copom, a consultoria informou que o Brasil estava na vice-liderança da lista, atrás da Argentina. O Banco Central argentino decidiu, porém, reduzir a taxa básica em três pontos percentuais, de 32% para 29% ao ano.

Agora, no ranking da taxa real de juros, que desconta a inflação projetada para os próximos 12 meses, o Brasil marca 9,18%, seguido pela Rússia, com 8,91%. A Argentina caiu para a terceira colocação, com 6,14%.

Completam os dez primeiros México (5,52%), Indonésia (5,13%), Colômbia (5,01%), República Checa (3,30%), África do Sul (2,95%), Filipinas (2,57%) e Hong Kong (1,99%).

Trata-se de um monitoramento ex-ante: a estimativa das alíquotas anualizadas leva em conta as projeções da taxa básica e da inflação dos 12 meses seguintes.

A decisão do Copom

A quarta elevação consecutiva da Selic ocorreu na primeira reunião do colegiado sob o comando de Gabriel Galípolo, sucessor de Roberto Campos Neto.

A decisão já era esperada. No encontro anterior, de 11 de dezembro, o Copom projetou que subiria o índice em um ponto percentual nos dois encontros seguintes — o desta semana e o de 19 de março. A tendência é que o País chegue, portanto, a uma Selic de 14,25% daqui a 49 dias.

A última vez que a taxa bateu em 14,25% foi entre julho de 2015 e agosto de 2016. Naquele momento, o Brasil vivia um contexto de forte crise política que resultaria na derrubada da então presidenta Dilma Rousseff (PT).

Na justificativa, o Copom afirma que o ambiente externo permanece desafiador em decorrência, principalmente, da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, agora sob Donald Trump.

No front doméstico, diz o comitê, há uma “desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”.

“O comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes.”

O Banco Central também reforçou que, diante do que considera um “cenário adverso para a convergência da inflação”, projeta mais um ajuste de um ponto percentual na reunião de março.

Dos atuais nove integrantes do Copom, há sete nomeados pelo presidente Lula (PT) e dois por Jair Bolsonaro (PL). Veja a relação:

  • Renato Dias de Brito Gomes (nomeado por Bolsonaro);
  • Diogo Abry Guillen (nomeado por Bolsonaro);
  • Nilton David (nomeado por Lula);
  • Ailton Aquino (nomeado por Lula);
  • Paulo Picchetti (nomeado por Lula);
  • Rodrigo Teixeira (nomeado por Lula);
  • Izabela Correa (nomeada por Lula);
  • Gilneu Vivan (nomeado por Lula); e
  • Gabriel Galípolo (nomeado por Lula).

Em tese, quando o Copom decide aumentar a Selic, busca desaquecer a demanda: os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, razão pela qual taxas elevadas também dificultam a expansão da economia.

Ao reduzir a taxa, por outro lado, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.

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